Coluna Cena política

A detenta trans Suzy e a carência eleitoral

Caridade seletiva não é caridade e empatia interessada não é empatia. Quem não aprende isso, precisa de igreja e psicólogo antes de ajudar ou votar em alguém.

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 09/03/2020 às 0:35 | Atualizado em 09/03/2020 às 0:35
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MISSÃO Trabalho de Drauzio é dedicado aos mais necessitados e à informação para prevenção - FOTO: REPRODUÇÃO/FACEBOOK

A detenta trans Suzy Oliveira foi entrevistada pelo médico Drauzio Varella no Fantástico, reclamando que nunca recebeu visitas em oito anos presa e relatando a rotina de violência dentro da cadeia.

A repercussão foi tão grande que o médico teve seu nome levantado nas redes sociais até para ser Presidente da República. Um caso claro de carência eleitoral profunda.

A entrevistada, que passou oito anos sem visitas, recebeu em curto espaço de tempo, mais de 230 cartas, várias bíblias, envelopes e canetas para responder cartas.

Logo em seguida, foi revelado que ela foi presa porque estuprou e matou uma criança.

Tudo se transformou. A empatia virou ódio, a caridade virou arrependimento. De repente, o médico virou escória, sendo criticado por ter “abraçado um monstro”, imagina que "queria ser Presidente da República".

A detenta está cumprindo a pena, o médico estava fazendo o trabalho dele e nunca quis ser candidato. O foco desse texto não é quem é inocente ou quem é culpado, mas a caridade seletiva e a empatia interessada.

Caridade seletiva não é caridade e empatia interessada não é empatia.

O lugar onde a palavra “inocente” costuma ser mais repetida é o presídio. O lugar onde a palavra “pecado” acaba sendo mais pronunciada, na verdade, é a igreja, aonde se vai para tentar expurgá-los e aprender sobre como não repetí-los.

Quem se solidarizou com a situação da detenta Suzy e depois se arrependeu por achar que ela não merece, ainda precisa ir muito à igreja para aprender que caridade de verdade é um ato solteiro de qualquer julgamento.

Quem sentiu empatia pelo ato original do médico Drauzio e defendeu que ele fosse até Presidente da República por causa disso, precisa ir à igreja pelos mesmos motivos do primeiro grupo, mas também precisa de psicólogo.

Carência eleitoral é algo muito danoso a um País.

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