Coluna Cena Política

Os problemas de Bolsonaro que podem virar oportunidade

No ano que vem, ao invés de palhaço, para evitar falar sobre o PIB, Bolsonaro poderá levar um ator fantasiado de Covid-19. E não é difícil o vírus ser nomeado ministro da Economia logo depois.

Igor Maciel
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Publicado em 09/03/2020 às 12:37 | Atualizado em 09/03/2020 às 12:51
Philip Fong/AFP
Máscaras são equipamentos de proteção contra o novo coronavírus - FOTO: Philip Fong/AFP

Igor Maciel, da coluna Cena Política

O desafio de Bolsonaro para este ano seria conseguir mostrar algum tipo de resultado econômico para os empresários que o apoiam e para a população desempregada enquanto lida com os efeitos do Coronavírus, guerra internacional de Petróleo e a pressão do Dólar.

Mas, quem disse que ele quer esse desafio?

A economia faz presidentes e também os derruba. Fernando Henrique Cardoso (PSDB) experimentou essas duas faces. Ao equilibrar a moeda e a inflação em 1994, terminou eleito Presidente da República. Com uma crise econômica internacional no início dos anos 2000, perdeu popularidade e nem conseguiu fazer o sucessor.

Em 2020, enquanto o Coronavírus derruba as bolsas, o próprio Bolsonaro resolveu jogar um pouco de gasolina na fogueira convocando apoiadores para a manifestação do próximo dia 15. Todos sabem que as manifestações foram pensadas inicialmente para atacarem o Congresso e o Judiciário.

O presidente mostra que não está preocupado com o efeito que isso tem na economia, nas reformas que serão enviadas ao Congresso e muito menos com a saúde dos apoiadores que estarão aglomerados, num momento em que o mundo todo cancela shows e eventos esportivos para impedir a transmissão da doença.

É aleatório? Não, não é. O Coronavírus talvez acabe sendo uma grande oportunidade para que o presidente se esconda dos resultados econômicos, caso eles sejam ruins. Baixo crescimento do PIB de novo? Coloca a culpa no vírus que derrubou a Bolsa.

A convocação para a manifestação talvez seja uma oportunidade para deixar os deputados e senadores irritados e propensos a não votar a reforma administrativa que tantos problemas eleitorais pode causar a Bolsonaro, embora o texto tenha sido feito pela equipe dele próprio. Com raiva, eles não aprovam e Bolsonaro não fica mal com os funcionários públicos que são sua base eleitoral.

E até a crise do Petróleo, que vai fazer o Brasil perder muito dinheiro com a queda de ações da Petrobras, é uma nova oportunidade para o presidente lacrar eleitoralmente, dizendo que o preço baixa, mas os governadores não baixam os impostos.

No ano que vem, ao invés de levar um palhaço para evitar falar sobre o PIB, Bolsonaro poderá levar um ator fantasiado de Covid-19. E não é difícil o vírus ser nomeado ministro da Economia logo depois.

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