De todos os vírus que se proliferam numa sociedade, o da demagogia barata é o pior. Porque nos momentos de crise ele costuma se cercar de soluções fáceis e espalhafatosas feitas para fazer barulho e não levar à solução nenhuma.
Deputados e senadores abrirem mão de salários, por exemplo.
Não é que eles ganhem pouco, mas o valor final alcançado de uma medida como essa, comparado com o valor necessário para agir em relação à Covid-19, não vale nem o tempo que estamos gastando para discuti-la.
Mesmo que todos os deputados e senadores abrissem mão dos próprios salários hoje, isso renderia cerca de R$ 20 milhões por mês. Mesmo que eles fizessem isso pelos próximos dois anos e nove meses que lhes restam de mandato, chegaríamos ao valor final, lá em 2022, de R$ 660 milhões. Dividido em parcelas.
Só para comparar, o ministério da Saúde pediu, para começar a trabalhar contra o coronavírus, de imediato, R$ 5 bilhões, quase dez vezes mais.
Mas tem até deputado e senador achando bonitinho dizer que vai abrir mão do próprio salário como se isso fosse vacina. Agrada o eleitorado que não faz a conta e acha o máximo que os "políticos malvados" fiquem sem receber salário.
É o tipo de sujeito que quer faturar eleitoralmente num momento como esse. Deveria ser punido igual a quem aproveita o momento pra vender álcool gel pelo quadruplo do preço.
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