Coluna Cena Política

Cortar salário de político só satisfaz a sanha vingativa e a demagógica. Valor não resolveria nada

Mesmo que todos os parlamentares entregassem os salários, valor alcançado, em parcelas, até 2022, seria de R$ 600 milhões. Só pra começar a trabalhar, o Ministério da Saúde pediu R$ 5 bilhões. Pra começar.

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 23/03/2020 às 13:29 | Atualizado em 23/03/2020 às 13:29
FABIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL
O processo de votação será presencial e secreto, com 21 urnas eletrônicas distribuídas pelo Plenário e pelos salões Verde e Nobre, espaços que ficarão restritos aos parlamentares - FOTO: FABIO RODRIGUES POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL

De todos os vírus que se proliferam numa sociedade, o da demagogia barata é o pior. Porque nos momentos de crise ele costuma se cercar de soluções fáceis e espalhafatosas feitas para fazer barulho e não levar à solução nenhuma.

Deputados e senadores abrirem mão de salários, por exemplo.

Não é que eles ganhem pouco, mas o valor final alcançado de uma medida como essa, comparado com o valor necessário para agir em relação à Covid-19, não vale nem o tempo que estamos gastando para discuti-la.

Mesmo que todos os deputados e senadores abrissem mão dos próprios salários hoje, isso renderia cerca de R$ 20 milhões por mês. Mesmo que eles fizessem isso pelos próximos dois anos e nove meses que lhes restam de mandato, chegaríamos ao valor final, lá em 2022, de R$ 660 milhões. Dividido em parcelas.

Só para comparar, o ministério da Saúde pediu, para começar a trabalhar contra o coronavírus, de imediato, R$ 5 bilhões, quase dez vezes mais.

Mas tem até deputado e senador achando bonitinho dizer que vai abrir mão do próprio salário como se isso fosse vacina. Agrada o eleitorado que não faz a conta e acha o máximo que os "políticos malvados" fiquem sem receber salário.

É o tipo de sujeito que quer faturar eleitoralmente num momento como esse. Deveria ser punido igual a quem aproveita o momento pra vender álcool gel pelo quadruplo do preço.

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