Coluna Cena Política

Bolsonaro aposta com vidas para sustentar narrativa eleitoral de 2022

Presidente já sabe que a economia vai afundar e pretende jogar o problema nos governadores para, em 2022, surgir como salvador novamente, mesmo que pessoas morram.

Igor Maciel
Cadastrado por
Igor Maciel
Publicado em 25/03/2020 às 13:27 | Atualizado em 25/03/2020 às 13:32
WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL
COVID Órgão disse que não produziu relatório questionando mortes - FOTO: WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL

O Brasil ia crescer 2%. Ao menos era a previsão da equipe econômica. Após o coronavírus, o Brasil deve ter recessão e grande.

O mundo inteiro vai amargar uma evolução econômica digna de um período de guerra em 2020. É preciso que se entenda, não depende de ficar em casa ou sair de casa. Mesmo que os jovens saiam para trabalhar, a economia ainda vai ter resultado negativo. Não importa.

Mas, se isso acontecer, teremos um número de mortes pela Covid-19 difícil de imaginar. O que Bolsonaro fez às 20h30 da última terça-feira foi tentar construir, para ele próprio, um tipo de habeas corpus preventivo, um salvo conduto, ou para quem está lembrado de como eram as brincadeiras de infância, o presidente quer ser “café com leite”.

Bolsonaro quer que toda a recessão e o desemprego que, de qualquer maneira, serão o resultado dessa crise, caia nas costas de outra pessoa. Como se ele não fosse o presidente ou como se fosse alguém que pode lavar as mãos e dizer, nada tenho com isso, "será entre vocês e os seus governadores”.

O primeiro objetivo do pronunciamento era se eximir da culpa. No futuro, quando reclamarem que a economia vai mal, ele vai pedir votos querendo ser reeleito e afirmando que vai consertar o que "os governadores fizeram de errado”.

Pode custar a vida de pessoas, principalmente os que não são jovens ou não tem "físico de atleta” como ele afirmou ter, mas garante uma narrativa eleitoral. É sórdido? Bem, Bolsonaro não mentiu. Ele não se elegeu prometendo ser conciliador.

Pelo contrário. Na hora de votar, muita gente ignorou o que ele dizia e fazia.

O segundo objetivo atende a uma preocupação de Carlos Bolsonaro. O filho zero dois, aliás, foi quem ajudou a escrever o texto do pronunciamento, escondido até da ala militar no governo.

Bolsonaro vem perdendo defensores nas redes sociais. Os bolsonaristas estavam abandonando a defesa do presidente no Twitter e no Facebook.

Agora, o pronunciamento tem como objetivo levantar essa militância virtual novamente. As consequências é que são inimagináveis.

Inclusive para a saúde das pessoas.

.LEIA MAIS TEXTOS DA COLUNA CENA POLÍTICA AQUI

Comentários

Últimas notícias