O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, não pode pedir demissão porque isso seria admitir mais uma derrota da sensatez num momento em que alguém precisa ser sensato para que tenhamos um mínimo de fôlego diante da crise do Coronavírus.
Trata-se, neste momento, de engolir seco o orgulho, municiar a paciência e seguir fazendo o que é certo.
A hipótese de demissão é ainda mais preocupante ao se entender que o possível substituto, Antônio Barra Neto, diretor da Anvisa, é ninguém menos que o cinegrafista de Bolsonaro do dia em que o presidente resolveu desobedecer ordens médicas de isolamento para abraçar quase 300 pessoas em manifestação em frente ao Palácio do Planalto. Alguém, portanto, sem nenhum compromisso com a saúde da população.
Isso não impede, porém, que Mandetta desobedeça o presidente.
Mesmo que seja verbalmente. Mandetta precisa falar, dizer, como médico, o que ele acha que as pessoas devem fazer.
Dizer, como gestor da área de saúde, se o Brasil está pronto para atender todos os que procurarem os hospitais com a doença. Mesmo que todos corram de uma vez em busca de atendimento.
Porque isso é o que está matando quase mil pessoas por dia na Itália.
Para se preservar no cargo, Mandetta começou a dar sinais dúbios, e não é isso que se espera dele. Agora, fala-se em demissão. Que Bolsonaro o demita, então, e assuma o ônus.
Tudo o que o presidente busca é não ser responsabilizado pelas responsabilidades que tem. Ele não age quando o resultado pode ser ruim. Ele não demite quando pode ser criticado.
Que ele demita Mandetta, então, e uma vez na vida assuma responsabilidade por alguma coisa.
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