Coluna Cena Política

Propaganda mandando pessoas irem trabalhar é dinheiro público investido contra a Saúde e ajuda o inimigo coronavírus

Vídeo foi produzido por empresa escolhida sem licitação ao custo de R$ 4,8 milhões e defende que as pessoas devem voltar ao trabalho. Até a frase é a mesma que foi usada em Milão, na Itália, no início da pandemia. Lá, hoje, se morre às centenas por dia.

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 27/03/2020 às 10:00 | Atualizado em 27/03/2020 às 11:36
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Campanha já foi liberada para apoiadores na internet - FOTO: Reprodução

Do ponto de vista técnico, a campanha que o Governo Federal está lançando, com a expressão "O Brasil não pode parar” é absolutamente legal. Mesmo tendo custado R$ 4,8 milhões num momento em que os brasileiros mais sérios contam moedas para montar UTIs.

Mesmo quando deputados e senadores discutem a possibilidade de corte aos próprios salários para dar exemplo.

Mesmo quando governadores se esforçam para cumprir normas da OMS, manter as pessoas em casa e tentar salvar o máximo de vidas possível com pouco dinheiro.

Mesmo quando governos estaduais diminuem repasses aos outros poderes, para focar no combate à doença.

Mesmo a campanha tendo sido feita sem licitação, por causa da gravidade do momento. Aliás, é uma perversa ironia. A peça afirmando que as pessoas não se preocupem e saiam de casa só pôde ser feita sem licitação porque um decreto, baseado na calamidade imposta pelo coronavírus, permite.

Ela existe pra desmentir o que permitiu que ela existisse. Dá pra entender?

E se é tudo tão legal, porque o vídeo já começou a circular nas redes sociais, antes de ser lançado oficialmente?

A resposta pode ser porque é possível que, apesar de tecnicamente legal, ela seja dinheiro público sendo investido em algo que atenta contra a saúde pública.

E alguém poderia acionar a Justiça para evitar que ela fosse lançada. Foi melhor garantir.

A antecipação é tática de guerrilha.

Em tempo, na Itália, cidades como Milão fizeram uma campanha igual no início da pandemia, era “Milão não pode parar”.

Nem precisa explicar o que aconteceu depois.

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