Mandetta foi cercado por cinco ministros tidos como fieis a Bolsonaro, bem no dia em que esperava-se que ele reafirmasse se a ciência e as recomendações técnicas continuariam sendo levadas em conta no trabalho do Ministério da Saúde contra o coronavírus. Bem no dia em que esperava-se para observar o comportamento do ministro depois que o presidente o desafiou, saindo às ruas e provocando aglomerações. O que fez Mandetta? Repetiu, em várias falas, que os critérios do ministério seriam científicos e técnicos.
Oito vezes, ao menos, as duas expressões foram repetidas.
Não ficou por aí. Respondendo pergunta sobre a possibilidade de ser demitido, depois de o ministro da Casa Civil ter se antecipado e dito que “não existe a possibilidade de o ministro da Saúde ser demitido”, interrompeu o colega para dizer que “em política, quando você diz que não existe, todo mundo acha que existe”.
A verdade é que Bolsonaro não pode demitir o ministro que deixou de obedecê-lo para seguir a medicina e a OMS (como se isso fosse um crime de lesa-pátria), então resolveu mandar um tipo de "guarda pretoriana" para tentar diminuir o tamanho do calo que Mandetta se tornou.
Os ministros escalados pelo Planalto só deixaram o local quando as perguntas foram encerradas e só informações técnicas iam ser repassadas.
O ministro? Enquanto as perguntas estavam sendo feitas, seguiu mostrando que não estava preocupado, falou da importância de estarem todos juntos, pediu desculpas a imprensa por ter criticado o trabalho e fez questão de dizer que assistiu, no domingo, a Globo e a Globonews, do grupo de comunicação odiado por Bolsonaro.
Não deve ter sido com a intenção de irritar.
Mas também não foi pra agradar.
Ele só quer seguir com o trabalho.
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