Coluna Cena Política

Bolsonaro colocou "guarda pretoriana" para escoltar Mandetta. Não adiantou muito

Entre outros cinco ministros mais fieis a Bolsonaro, num novo formato de coletiva usado, claramente, para tentar diminuir o protagonismo do Ministro da Saúde, Mandetta não se importou e continuou defendendo a ciência.

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 30/03/2020 às 18:40 | Atualizado em 30/03/2020 às 18:56
REPRODUÇÃO/TV BRASIL
Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta - FOTO: REPRODUÇÃO/TV BRASIL

Mandetta foi cercado por cinco ministros tidos como fieis a Bolsonaro, bem no dia em que esperava-se que ele reafirmasse se a ciência e as recomendações técnicas continuariam sendo levadas em conta no trabalho do Ministério da Saúde contra o coronavírus. Bem no dia em que esperava-se para observar o comportamento do ministro depois que o presidente o desafiou, saindo às ruas e provocando aglomerações. O que fez Mandetta? Repetiu, em várias falas, que os critérios do ministério seriam científicos e técnicos.

Oito vezes, ao menos, as duas expressões foram repetidas.

Não ficou por aí. Respondendo pergunta sobre a possibilidade de ser demitido, depois de o ministro da Casa Civil ter se antecipado e dito que “não existe a possibilidade de o ministro da Saúde ser demitido”, interrompeu o colega para dizer que “em política, quando você diz que não existe, todo mundo acha que existe”.

A verdade é que Bolsonaro não pode demitir o ministro que deixou de obedecê-lo para seguir a medicina e a OMS (como se isso fosse um crime de lesa-pátria), então resolveu mandar um tipo de "guarda pretoriana" para tentar diminuir o tamanho do calo que Mandetta se tornou.

Os ministros escalados pelo Planalto só deixaram o local quando as perguntas foram encerradas e só informações técnicas iam ser repassadas. 

O ministro? Enquanto as perguntas estavam sendo feitas, seguiu mostrando que não estava preocupado, falou da importância de estarem todos juntos, pediu desculpas a imprensa por ter criticado o trabalho e fez questão de dizer que assistiu, no domingo, a Globo e a Globonews, do grupo de comunicação odiado por Bolsonaro.

Não deve ter sido com a intenção de irritar.

Mas também não foi pra agradar.

Ele só quer seguir com o trabalho.

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