Bolsonaro fez um discurso em tom de união, pela primeira vez desde que a crise do coronavírus começou.
Na manhã seguinte, postou um vídeo em que um apoiador acusava governadores de estarem “matando o povo de fome”.
Ato seguinte, apagou o vídeo, sem mais explicações.
Logo depois, um segurança do presidente foi até o cercadinho onde ficam os apoiadores de Bolsonaro no Palácio do Alvorada e pediu que as pessoas ali não atacassem os jornalistas quando o presidente passasse. A imprensa fica num cercadinho ao lado.
Os sinais contraditórios são muitos e colocam em dúvida o que move o presidente ou o que o obriga a se mover nas últimas horas.
Durante toda a tarde da terça-feira (31) antes do pronunciamento em que acabou mudando o tom belicoso e passou a falar no vírus como "inimigo comum”, o clima entre parlamentares era de dúvida sobre como os militares estavam encarando Bolsonaro.
Alguns oficiais reclamavam, outros calavam. Deputados sabem que não há condição para um processo de impeachment agora, por mais que o apoio ao presidente hoje seja pequeno.
No Congresso, a base governista mais dura não chega a 50 parlamentares. Para se ter uma ideia, Dilma tinha uma base dura de 160 deputados, e caiu. Mas, ninguém fará isso enquanto a crise do vírus estiver instalada.
Depois, é depois.
Ao que parece, foram os militares que deram um ultimato ao presidente e obrigaram ele a controlar o próprio discurso, unir-se aos governadores e parar de brigar com a imprensa, ou o abandonariam.
Ele ainda dá sinais trocados, mas deve ter entendido que o recado era sério.
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