Coluna Cena Política

Os militares no governo Bolsonaro sempre tendo que consertar alguma coisa. Agora é Braga Netto

Melhor é que as informações de bastidor no meio militar dizem que eles não têm nenhum interesse em assumir o poder, enquanto instituição. Mas vão defender a Constituição sem excessões.

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 15/04/2020 às 12:04 | Atualizado em 15/04/2020 às 15:21
Arquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil
O general Walter Souza Braga Netto (PL) vice na chapa da reeleição - FOTO: Arquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil

Quando a situação fica muito crítica no Palácio do Planalto, o que salva é a atuação de algum militar. Logo no início da gestão, o general Augusto Heleno era o freio de arrumação de um governo que parecia não saber aonde ir e não ter noção da própria responsabilidade. Daí em diante, cada vez que um problema surgia, um novo militar chegava ou ganhava evidência para tentar resolver.

Um exemplo foi o general Luiz Eduardo Ramos. O militar tomou posse no lugar de outro general, Santos Cruz, mas veio com a missão de resolver um problema que Onyx Lorenzoni (DEM), então ministro da Casa Civil, não conseguia resolver: a articulação com o Congresso.

É verdade que a base do governo continua pequena e Bolsonaro segue não contando com maioria no Legislativo, mas ao menos o articulador é respeitado e a bancada governista parou de brigar entre si. Onyx, antes, era ridicularizado pelos deputados.

Agora, o general da vez é Walter Braga Netto. Para quem não lembra, ele foi o interventor do Rio de Janeiro durante o governo de Michel Temer (MDB). Na prática, deixou o então gestor carioca, Luiz Fernando Pezão, cuidando de assuntos burocráticos e assumiu como governador para tudo que fosse relacionado à Segurança.

O general fez um bom trabalho e saiu tão bem avaliado que o ministro da Segurança Pública da época, o pernambucano Raul Jungmann, que chefiava de Brasília a intervenção, chegou a ser cotado para disputar o governo do RJ.

Braga Netto agora é o interventor do coronavírus. Foi ele quem segurou o ministro Mandetta, quando Bolsonaro quis demití-lo e, agora, foi ele quem deu bronca em Mandetta pela entrevista que o ministro da Saúde deu no fim de semana criticando diretamente o presidente.

É também Braga Netto quem está articulando o trabalho de todos os ministérios e vai chefiar o comitê que está sendo criado para a recuperação econômica após a pandemia.

O melhor de tudo é que todos os sinais são muito claros e as informações de bastidor no meio militar dizem que eles não têm nenhum interesse em assumir o poder, enquanto instituição.

Na prática, sabem que precisam acompanhar de perto Bolsonaro para não deixar que ele cometa erros que prejudiquem mais o País. E também não vão permitir que o presidente seja afastado, caso não haja ampla base constitucional, popular e institucional para isso. Em linguagem direta: "não vão permitir golpes nem de um lado, nem do outro”.

Eles estão lá para proteger a Constituição e vão seguir fazendo isso. O que é bom, muito bom.

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