Coluna Cena Política

Carregar bandeiras já deveria ser estranho em um mundo interligado

Observar pessoas nas ruas pintadas para a guerra, gritando palavras de ordem, separando-se, com ódio verdadeiro e desprezo insensível, em nome de um "mito", de um "herói" ou de um "pai dos pobres", cuja vestimenta apenas cobre o mesmo caudilho de sempre, faz pensar que falhamos, e falhamos miseravelmente.

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 27/04/2020 às 9:35 | Atualizado em 27/04/2020 às 9:52
WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL
A intenção é instalar o gabinete de Lira onde funciona o Comitê de Imprensa desde a transferência do Legislativo para Brasília - FOTO: WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL

Em 1999, o filósofo espanhol Josep Ramoneda escreveu o livro Depois da Paixão Política, onde detalha que, partindo dalí, o mundo ocidental deveria começar a construir um ambiente menos emocional, com menos torcida por políticos, menos idolatria e mais cobrança por seriedade e compromisso dos agentes públicos.

O argumento da época era simples: entenderíamos que podemos avançar mais num modelo que não se assemelhe a uma disputa tribal, onde é proibido agregar potenciais do adversário e é necessário enxergar o diferente como inimigo.

Se formos livres para nos relacionar e dividir experiências, podemos crescer melhor. Saltando 20 anos no tempo, observar pessoas nas ruas pintadas para a guerra, gritando palavras de ordem, separando-se, com ódio verdadeiro e desprezo insensível, em nome de um “mito”, de um “herói” ou de um “pai dos pobres”, cuja vestimenta apenas cobre o mesmo caudilho de sempre, faz pensar que falhamos, e falhamos miseravelmente.

É difícil explicar para quem está tribalizado, mas não importa se a bandeira é verde, amarela ou vermelha. Estamos em 2020, num mundo globalizado e interligado.

Carregar qualquer bandeira nas ruas já deveria ser estranho.

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