Bolsonaro criou uma situação em que, para ser digno do cargo de ministro no governo dele, é preciso pedir demissão do posto. Esta seria apenas uma frase de efeito se não tivéssemos em sua companhia um número de mortos nessa pandemia que hoje, sexta-feira (15), ultrapassou os 14 mil.
Nelson Teich não ficou nem um mês no cargo porque é digno dele, como Luiz Henrique Mandetta também era.
Para ser ministro da Saúde, hoje, o pré-requisito é ignorar a ciência e acreditar no presidente. É preocupante.
Teich, sempre é bom lembrar, não é um estranho no ninho bolsonarista. Antes de Mandetta, já em 2018, ele era o favorito para assumir a pasta, participou da transição e só não assumiu porque Bolsonaro quis ouvir a indicação do, até então, amigo Ronaldo Caiado, governador de GO. Não é alguém que caiu de paraquedas sem saber onde estava se metendo.
Ou talvez não soubesse, porque tudo mudou muito na medida em que Bolsonaro afastou todos aqueles que tentaram lhe entregar alguma razão. Teich não encontrou o grupo que conheceu em 2018.
Ao invés disso, deu de cara com um clima de adoração interna irracional à figura de um presidente ególatra, perturbado pelas próprias incoerências e confrontado pela realidade de um cargo para o qual não estava preparado.
Teich não aguentou, Mandetta não aguentou. E somente alguém muito afinado com as idiossincrasias do Planalto poderá ficar mais do que um mês nesse cargo.
O problema é que estamos no meio de uma pandemia, 14 mil pessoas já morreram e o número de mortes vai seguir aumentando, infelizmente.
O ministro muda, mas a ciência não vai mudar pela vontade de Bolsonaro. A ciência não obedece a ele, por mais que ele tente. Em termos de conhecimento, a estupidez não domina nada além de suas próprias ações.
Comentários