O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse em entrevista que o "lado bom" do coronavírus é que fica provado seu ponto de vista, de que "somente o Estado pode resolver isso". A frase foi dita no meio de uma crítica à "agenda liberal de Bolsonaro". Trata-se de uma declaração infeliz de um personagem que já foi importante, mas parece agora trabalhar com afinco para se tornar cada vez mais insignificante. No fundo, Lula sofre do mesmo mal que Bolsonaro, a egolatria e a cegueira seletiva. Isso para não mencionar questões referentes ao caráter.
A crítica de Lula ao liberalismo é bem sazonal. O liberalismo era um "problema" quando o presidente era Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o liberalismo é um "problema" com Jair Bolsonaro (sem partido).
Primeiro, quem classifica FHC e Bolsonaro como liberais precisa estudar mais ou parar de mentir. Nenhum dos dois fez ou faz governos liberais de verdade. Em certos aspectos, como privatizações e incentivo à empresas, Lula e Dilma também atuaram da mesma forma. Mudavam nomenclaturas para sustentar narrativas, mas agiram da mesma forma.
Depois, a falácia de Lula consiste em transformar a tragédia atual em pano de fundo para algo "bom", que seria o "fato" de que ele está certo. É moralmente ultrajante e demonstra uma personalidade narcísica tão descolada da realidade quanto desrespeitosa com a milhares de famílias chorando seus mortos por covid-19.
Misturar o público e o privado é um hábito do presidente atual e sempre foi normal para o ex-presidente petista. Querer usar o vírus como aliado para tentar reforçar a própria narrativa é que é novidade.
E é algo abjeto, desprezível.
Comentários