Voltas sintomáticas

Disposição de Alckmin e a nova popularidade de Fernando Collor são sintomas de um Brasil perdido

Alckmin, eleitoralmente, provoca tanta empolgação quanto um bicho-preguiça fazendo uma sesta e começa a se animar para disputar cargos de novo. Collor está se reiventando nas redes sociais e já tem fã pedindo que ele dispute a presidência em 2022.

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 27/05/2020 às 11:12 | Atualizado em 27/05/2020 às 11:12
Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
Fernando Collor de Mello está aí de novo - FOTO: Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) ensaia uma volta à vida pública, após duas derrotas em eleições presidenciais. Mais do que um retorno político, essa intenção de voltar ao mundo eleitoral é um sintoma. Alckmin foi um bom gestor em São Paulo, teve níveis altos de aprovação, é inteligente e dedicado, mas eleitoralmente provoca tanta empolgação quanto um bicho-preguiça fazendo uma sesta.

Alckmin querer voltar é sintoma da falta de líderes nesse País, dividido entre uma esquerda progressista que não age como esquerda nem é progressista e uma direita conservadora que age como esquerda e confunde conservadorismo com dogmas religiosos e regressão de costumes.

O fato de não surgir ninguém, fora desses arremedos de seita, que realmente consiga capitalizar em popularidade os anseios do eleitorado, faz com que o médico anestesista Geraldo Alckmin, que chegou a fazer participações em programas de TV falando sobre acupuntura, nos últimos meses, decida ser candidato de novo.

O vácuo aceita de tudo. Não é só Alckmin. Quem surgiu nas redes sociais recentemente, posando de bom moço, pedindo desculpas pelos erros do passado e tentando ser o cara legal da festa? Fernando Collor (PTC).

O senador alagoano aproveitou o isolamento em casa para “conversar com os fãs”, fez muitos seguidores com um jeito bem humorado de tratar assuntos sérios, responde sobre o impeachment dele e sobre PC Farias devolvendo brincadeiras, analisa até as diferenças entre a Fiat Elba e a Ferrari que tem na garagem, minimizando, de uma vez, logo dois escândalos em que esteve envolvido em épocas diferentes.

A reação dos seguidores? Alguns até se oferecem para trabalhar “de graça" na campanha dele para presidente, se ele quiser. Comentários como “nós éramos felizes com você e não sabíamos”, são comuns e diários.

Alckmin é bem diferente de Collor, no caráter e na competência. Collor é bem diferente de Alckmin no carisma e na popularidade.

Mas os dois são sintomas da mesma doença.

E o paciente está mal.

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