A prefeita Raquel Lyra (PSDB), de Caruaru, no Agreste, gravou vídeo no fim da tarde desta quinta-feira (25) para reclamar de tratamento diferente com a cidade durante a pandemia e insinuou que isso está acontecendo por ela ser de oposição. Pelo tom, a acusação é de que o governo de Pernambuco estaria usando critério político para definir quem pode e quem não pode retornar às atividades.
A gravação foi feita pouco depois que o secretário de Saúde, André Longo, visitou um hospital de campanha montado na cidade. A prefeita diz que ficou sabendo da visita através da imprensa e não foi avisada para acompanhar, já que está realizando ações de combate à pandemia desde o início. Se for verdade, que o Estado prejudica Caruaru de propósito, é algo muito sério.
Em resposta ao JC, a Secretaria de Saúde do Estado informou que "a visita teve o objetivo de conferir o funcionamento do atendimento em uma unidade pública estadual, discutindo fluxos e abertuta de novos leitos, e o secretário não teve nenhuma outra agenda na cidade."
Agora, considerando que os números apresentados pela secretaria de Saúde estão corretos e, segundo eles, Caruaru tornou-se um problema no Estado, a atitude do governo se justifica completamente.
As imagens da Feira da Sulanca funcionando sem controle no último fim de semana preocupam. O tipo de aglomeração que estava acontecendo sem que a prefeitura impedisse, além do comércio funcionando, com as portas abertas até a metade para receberem os clientes e driblar a fiscalização, mostram que a situação fugiu do controle.
Vale lembrar que o decreto válido para Caruaru também vale para Bezerros e no vizinho de Caruaru a prefeitura é comandada por um socialista, que não está reclamando. Pelo contrário, Breno Borba (PSB) comemorou e acredita que serão 10 dias de fechamento total para poder reabrir de vez em seguida.
Misturar política com a necessidade de salvar vidas nesse momento crítico da pandemia é algo que precisa ser evitado.
O recado vale para os dois lados. Se quiserem mostrar que estão juntos no combate ao coronavírus é preciso que demonstrem isso e rápido.
Quando um secretário de Saúde, no meio de uma pandemia, faz visita a um hospital de campanha numa cidade e não convida a prefeitura local, isso soa como provocação.
E se a prefeita acredita que a medida tomada não é necessária, deve mostrar números para comprovar isso.
O resto é retórica. E retórica não combate vírus.
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