O mercado fechou

Bolsonaro tem dificuldade pra montar ministério sério. Porque quem é sério não quer estar no governo

No início, ao invés de técnicos, o presidente apostou em figuras populares como o ex-juiz Sergio Moro, para alavancar seus números em redes sociais e atrair seguidores. Agora que precisa de ministros de verdade, está difícil de encontrar.

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 30/06/2020 às 18:17
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Jair Bolsonaro e Decotelli, que passou um fim de semana no cargo - FOTO: REPRODUÇÃO

O melhor momento para formar um ministério realmente técnico é o início da gestão. As diretrizes ainda estão sendo montadas e é mais fácil convencer bons nomes a emprestarem seu prestígio para um governo que ainda é uma folha em branco. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está querendo fazer isso agora, com 18 meses de gestão, e com a folha de sua administração mais do que manchada.

No início, ao invés de técnicos, o presidente apostou em figuras populares como o ex-juiz Sergio Moro, para alavancar seus números em redes sociais e atrair seguidores. Apostou em criaturas aberrantes como Abraham Weintraub que colecionou feitos como dançar com um guarda-chuva dentro do gabinete, tocar gaita e praticar xenofobia. Ou, ainda, acreditou em pseudointelectuais cujo maior feito foi assistir vídeos de Olavo de Carvalho.

Até mesmo Paulo Guedes, o técnico do governo, no ministério da Economia, tem suas peculiaridades.

Quando o governo precisou sair do Twitter, a dificuldade apareceu, mas já está tarde. É difícil, hoje, convencer um educador, com bom currículo (de verdade) a emprestar seu nome para a gestão Bolsonaro.

Como também foi difícil, em meio à pandemia, encontrar um médico com bom trânsito na classe que topasse emprestar seu prestígio ao ministério da Saúde. Principalmente depois que Nelson Teich, com esse currículo, desistiu do desafio com menos de um mês por não aguentar o presidente.

Mesmo figuras que apoiam o governo e querem vê-lo dar certo, pensam muito antes de querer falar no assunto. O risco é grande.

É claro que sempre vai haver um pseudointelectual disposto a defender o que for preciso e até calibrar o próprio currículo pela oportunidade de dizer que é ministro de qualquer coisa para os amigos.

Mas, o resultado disso é o que tivemos até agora. E não tem sido bom pro Brasil.

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