Na evolução humana, saindo da caverna para os edifícios de 50 andares, a informação precisa foi sempre essencial. Saber que os leões temiam o fogo ou que determinada planta, quando ingerida, poderia matar, foi tão importante quanto é, hoje, entender que o coronavírus é transmitido por um espirro e que usar máscara diminui seu contágio.
Saber quantas pessoas morreram por causa da doença ajuda a dar dimensão ao problema e agir de acordo com o risco.
A desinformação é diferente da falta de informação. Por mais que pareçam significar o mesmo, estão em campos diferentes. Desinformação é mentira disfarçada de verdade. Falta de informação é vácuo absoluto. Mas, quando a sociedade é submetida à convivência com ambas, alternadamente, tende a aceitar qualquer tipo de narrativa, por mais absurda que pareça.
É por isso que a confusão com os números de casos e mortes por covid-19 deveria ser considerada um crime de responsabilidade. Já é muito grave que testes não sejam feitos para se ter uma ideia real dos números e, quando o Ministério da Saúde tenta modificar a metodologia para tentar passar a impressão de que o problema não é tão grande assim, compromete algo que é caro à humanidade: a possibilidade de reagir às adversidades e evoluir.
Quando o presidente da República dizia que tudo não passava de um “gripezinha” tratava-se de desinformação e negacionismo, mas os números estavam lá para que cada um fizesse o seu juízo. Quando se perde a credibilidade nos números, as consequências podem ser imprevisíveis.
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