Longe de serem apenas obra de perseguição política, as operações da Polícia Federal mostram o resultado, no mínimo, de uma culpa dos gestores por comprarem equipamentos às pressas e sem o devido critério e transparência. As ações que já aconteceram no Recife, no Rio e agora no Pará, dançam sobre os limites da culpa e do dolo.
Mas, uma coisa é impactar com as operações, outra é conseguir prisões e condenações posteriores. O clima já não é o mesmo de quando a Operação Lava Jato dava credibilidade automática à Polícia Federal e ao Ministério Público. Há uma ponta de desconfiança, por causa do rumo político que as coisas tomaram nos últimos tempos.
Especificamente, o caso do governo do RJ é o que parece ser mais grave. No caso do Pará ainda é cedo para avaliar, mas as suspeitas são fortes. No Recife, enquanto não se provar dolo, a culpa é fruto só de pressa, ingenuidade e falta de planejamento, pra dizer o mínimo.
No Pará, diferente do Recife, há indício concreto da participação de agentes públicos e os equipamentos têm suspeita de superfaturamento. No caso do Recife, o crime parece ter sido cometido pela empresa que fabricava o produto, até porque os preços dos respiradores estavam muito baixos em comparação com o que vinha sendo praticado no mercado.
Resta saber como essas operações irão avançar. Não deixa de ser verdade que até agora elas só atingiram adversários do presidente Bolsonaro. As investigações agora tem que ser concluídas e provar que não eram apenas para causar estardalhaço político.
Caso não consigam, podem comprometer a credibilidade da Polícia Federal e do Ministério Público.
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