O jornal Valor Econômico traz uma pesquisa nesta segunda-feira (15) que reforça uma preocupação sobre o dano à imagem do Exército, da Marinha e da Aeronáutica por causa do envolvimento político. As Forças Armadas estão perdendo apoio popular por se deixarem usar dentro do governo Bolsonaro e por serem associadas aos bolsonaristas.
A pesquisa é feita uma vez por ano, pelo Instituto da Democracia, grupo que reúne pesquisadores de onze instituições no Brasil e no exterior. O levantamento foi feito em 2018 antes da eleição, em 2019 e agora em 2020. Importante observar que as perguntas feitas aos entrevistados são bem diretas e os resultados oscilaram ao longos dos três anos de forma negativa para os militares.
Foram três questionamentos sobre possibilidades em que seria "justificado um golpe militar”.
Por exemplo, em 2018, 55,3% acreditavam que numa situação de grande aumento da criminalidade um golpe militar seria justificável. Já em 2019, esse número caiu para 40,3% e, em 2020, despencou para 25,3%.
Na mesma pesquisa, em 2018, 47,8% diziam que um golpe militar poderia ser justificado em caso de muita corrupção. Em 2019, esse percentual caiu para 39,2% e na pesquisa mais recente caiu para 29,2%.
Quando a justificativa para o golpe militar passar a ser o índice elevado de desemprego, em 2018, 25,4% acreditavam que o golpe era válido. Em 2019, o percentual caiu para 16,8% e em 2020 é de 15%.
A pesquisa mostra que o apoio a um intervenção militar foi diminuindo ao longo dos últimos três anos.
Não que haja interesse em dar um golpe, mas os números são ruins para as Forças Armadas pois mostra que a atuação deles, antes desejada por mais da metade da população em situações de crise no País, hoje é rechaçada por 75% dos brasileiros.
Os números provam outra coisa também: Bolsonaro, de alguma forma muito estranha, faz bem à Democracia. Quanto mais ele atenta ou apoia atentados contra ela, mas ela vai se fortalecendo.
Há males que, evidenciados, legitimam-se como tal e passam a ser combatidos.
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