No que depender da retórica política, Sergio Moro é candidato a presidente em 2022.
Isso porque o ex-ministro da Justiça já assumiu o discurso político de "negar sem negar para no futuro dizer que nunca negou”. É uma arte que foi dominada amplamente pelo ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. Uma frase famosa dele quando perguntado sobre isso era que "o ano da eleição você discute no ano da eleição”.
Na prática, Campos começava a conversar sobre um pleito com vários anos de antecedência, mas fugia do assunto publicamente.
Moro também. Já fala como político, já delimita seu campo de atuação política e suas diretrizes. Critica sem ser muito incisivo e ironiza quando quer dar um ar superior a sua retórica. Já cunhou até uma frase para responder sobre a possibilidade de disputar a eleição: "precisamos resolver os problemas de 2020 primeiro", afirma.
Se souber se conduzir bem, provavelmente terá que ir ficando mais seco e direto ao longo dos próximos meses, ou poderá perder o tom da História. Mas, pra início, acertou o caminho.
Ele também resolveu se preservar enquanto ganha dinheiro daqui pra frente, como ficou claro na entrevista que deu à Rádio Jornal, no Passando a Limpo, nesta quarta-feira (24). Perguntado sobre como se daria o trabalho que pretende desempenha como advogado, admitiu que não quer defender clientes diretamente. Vai atuar assinando um parecer aqui e outro ali. Orientando os colegas.
A vantagem? Não precisará ganhar ou perder causas, nem defendê-las perante um juiz. Ninguém vai poder dizer que ele defendeu algum bandido, por exemplo.
Sim, Sergio Moro é candidato em 2022, com pesquisas indicando que será um dos nomes mais competitivos.
E, o principal, aprendeu a ser político para fingir que pode não ser.
- Polícia Federal informa ao STF que precisa ouvir Bolsonaro sobre denúncias de Moro
- Polícia Federal quer saber se Queiroz pediu acesso à investigação sigilosa e relatório do Coaf
- Relatórios de desempenho na Polícia Federal no Rio em 2019 contradizem Bolsonaro
- Candidato a prefeito do Recife, João Campos ignora as duas investigações da PF contra Geraldo Júlio
- Na Rádio Jornal, Moro diz que Bolsonaro ainda tem tempo para corrigir o rumo do governo
Comentários