A primeira coisa a se fazer, como representantes desse grupo que costumeiramente chamamos de humanos, é desejar que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) melhore e esteja recuperado o mais rápido possível. É inconcebível alguém ter passado meses reclamando da falta de sensibilidade dele para agora resolver desejar-lhe o mal, sendo também insensível. Se ele foi insensível por fazer pouco caso da doença nos outros, seremos na mesma medida em que fizermos o mesmo. Adjetivos são o que são, não onde estão.
Cabe, porém, avaliar o impacto disso na política e no pós-pandemia do Brasil. O comportamento de Bolsonaro, quando estiver recuperado, é que vai indicar o governo que teremos para o futuro. Em crises, há algo que pode ser chamado de “ponto de inflexão”. É quando alguma situação acontece e permite que se mude a direção dos acontecimentos.
Quando a crise envolve uma pessoa, esse momento serve para mudar o pensamento sobre ela sem que aquilo pareça brusco, forçado e soe falso. Uma doença sempre é oportunidade pela comoção que provoca. No caso de Bolsonaro, o momento seria ideal, para ele e para o País.
Após a recuperação, ao invés de atacar, o presidente poderia admitir a gravidade da doença e se solidarizar com os quase 70 mil mortos no País. Admitir que errou, que escutou as pessoas erradas, mas que Deus o fez enxergar que ele não pode confiar e ouvir qualquer um para conduzir bem a Nação.
Aproveitaria para se afastar dos olavistas, fundar um governo de união nacional, aproximar-se mais do Congresso e respeitar o STF. Começaria a fazer discursos, sem improviso, sobre a reconstrução do País e sobre a necessidade de trabalhar junto com os governadores, sejam eles da oposição ou não.
Dessa forma, independente dos resultados da economia, seria visto como alguém que está disposto a remar junto com todos os brasileiros, porque todos estão no mesmo barco.
A mudança de comportamento, bem justificada pelo momento difícil da doença, teria o poder de constranger o discurso raso da incompetente oposição brasileira que vive entre o delírio e a platitude desde que Bolsonaro assumiu.
Mas, é claro que ainda estamos falando de Bolsonaro. Então, o mais provável é que ele aproveite o momento só para fazer propaganda da Hidroxicloroquina quando se recuperar.
A verdade é que não custa sonhar.
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