Quando se fala na possibilidade de um programa de renda mínima universal para o Brasil, uma das discussões imediatas é sobre a capacidade financeira do Estado para realizar esses pagamentos. Em seguida, a preocupação é com a inflação que a injeção financeira poderia gerar. Por fim, existe uma preocupação com a corrupção. Para tudo isso, é possível equilibrar soluções. Ao que parece, a única coisa que não tem solução para os brasileiros é a incompetência.
Porque, deixando de lado os que receberam o auxílio emergencial por engano, sem fazer solicitação, e buscaram meios para devolver o dinheiro, há uma massa de empresários, militares e servidores públicos que simplesmente embolsaram o dinheiro.
Em Pernambuco, reportagem do JC mostrou que entre os mais de 29 mil beneficiários do auxílio estão donos de lanchas e veleiros, sócios de construtoras, hospitais e escritórios de advocacia e proprietários de carros avaliados em mais de R$ 200 mil.
Alguns desses são os corruptos. Como dissemos, isso se resolve com a Justiça.
Mas a incompetência do governo para selecionar quem recebe e quem não recebe o auxílio é algo mais complicado. Porque enquanto o dono de uma Land Rover em Pernambuco usa o dinheiro do auxílio emergencial para colocar gasolina no carro, há milhares de pessoas que enfrentaram filas e se expuseram ao coronavírus nas agências da Caixa Econômica para lutar por um dinheiro que vai garantir a sobrevivência delas e dos filhos.
E o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni (DEM), dá entrevistas comemorando seus grandes feitos com o auxílio. Dos beneficiados em Pernambuco, ao menos 200 são detentos no Sistema Prisional do Estado, que já recebem Auxílio Reclusão. Grande feito.
É preciso falar em renda mínima universal, é verdade. Mas primeiro precisa resolver o problema da incompetência pública brasileira.
Essa, parece incorrigível.
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