A nota do Ministério da Defesa e a representação na PGR em crítica à fala do ministro do STF Gilmar Mendes provam apenas uma coisa: Gilmar Mendes tem razão.
Não se trata de concordar com o mérito da declaração de Gilmar, que afirmou em entrevista, sobre a militarização do Ministério da Saúde: “É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável”.
A ideia de "genocídio" é exagerada? Está ligada a um discurso político? Que seja, esqueçamos as palavras e foquemos no fato de elas terem sido pronunciadas. Não dá pra negar que se os militares estivessem acima dos acontecimentos, ao invés de envolvidos em suas entranhas, não haveria motivo para crítica nenhuma.
Não é de hoje que se coloca o prejuízo de associar as Forças Armadas, uma instituição que transpassa governos, a uma gestão específica, mergulhando militares da Ativa nessa empreitada.
O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, além de não ser médico, é general da Ativa e está sendo pressionado pelos colegas para que passe à Reserva. Exatamente porque os colegas estão incomodados.
Qual a prova de que Gilmar está certo? Bom, depois que o ministro do STF falou, o ministro da Defesa, e os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica precisaram assinar a nota em repúdio. O assunto adentrou os quartéis. E foi possível ouvir, em sigilo, que alguns oficiais discordam e outros concordam com Gilmar Mendes.
Não é preciso concordar, nem discordar do polêmico membro do Supremo, para saber que nada disso estaria acontecendo e as Forças Armadas não teriam que repudiar nada, caso estivessem cumprindo sua função com o distanciamento devido dos assuntos políticos e de qualquer gestão pontual.
Se as Forças Armadas não estivessem expostas, não haveria o que criticar e não haveria o que repudiar.
A necessidade de repúdio só comprova que a exposição é ruim para os militares e para o Brasil.
Logo, Gilmar, repito, está correto, mesmo que esteja equivocado com as palavras.
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