Pesquisa XP/Ipespe

Em pesquisa, popularidade de Bolsonaro melhora e governadores perdem apoio

Bolsonaro voltou ao patamar do início da pandemia. Reabertura confusa e suspeitas de corrupção na compra de respiradores derrubaram avaliação dos gestores estaduais.

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 20/07/2020 às 17:26 | Atualizado em 21/07/2020 às 18:53
Marcello Casal JrAgência Brasil
O presidente Jair Bolsonaro. - FOTO: Marcello Casal JrAgência Brasil

A última pesquisa XP/Ipespe, divulgada nesta segunda-feira (20), mostra que o presidente Jair Bolsonaro está retomando, aos poucos, o nível de aprovação que tinha antes da pandemia do novo coronavírus. O índice de ótimo e bom, que chegou aos 25% em maio, voltou ao patamar de 30% que tinha em março e segue tendência de alta. A rejeição, que já foi de 50%, voltou a um patamar de 45%.

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Ainda é muito ruim, não sustenta, nem com muita boa vontade, a ideia de que Bolsonaro seria um "líder popular", mas mostra que a crise do presidente, passível de impeachment nos últimos meses, bateu no fundo do poço e começou a subir. 

Deixando de lado as vontades ideológicas que só enxergam como bom o que lhes agrada, essa estabilidade é positiva e deveria ser comemorada. Principalmente porque essa estabilidade diz respeito a um efeito menos danoso da crise econômica do que se esperava.

Politicamente, a pesquisa traz outro dado interessante, a boa popularidade dos governadores, que chegou a alcançar 44% de ótimo e bom entre março e abril, caiu para um patamar de 36%. A rejeição, que chegou a ser de 15%, já está em 25%. 

Fato é que as operações da Polícia Federal por causa das compras atrapalhadas de equipamentos e materiais hospitalares durante a pandemia mostraram que, apesar de terem um discurso mais responsável, os gestores não souberam agir, ou agiram de má fé. E isso não ficou impune na avaliação dos entrevistados.

A reabertura confusa também contribuiu para isso. Depois de brigarem tanto com Bolsonaro e ganharem pontos com isso, muitos gestores, pressionados em seus estados, começaram a se render e abrir, mesmo com números ainda altos.

O resultado bom para o presidente veio num momento em que Bolsonaro parou de brigar com outros poderes e silenciou a ala ideológica do governo. A popularidade começou a melhorar também num momento em que ele deixa de criar polêmicas a partir de entrevistas diárias feitas no cercadinho, na entrada do Palácio da Alvaroda.

A lógica mostra que, calado e isolado, Bolsonaro agrada muito mais do que ativo e falando. Difícil esperar que o presidente atenda à lógica, visto que sofre de narcisismo exacerbado, mas seria muito positivo para a relação com o Congresso e para as necessárias reformas na agenda, que ele se contivesse.

Deixa passar a covid-19 pra descobrir o que vai acontecer.

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