Lei é para todos

Decisão que suspendeu contas bolsonaristas nas redes é marco para separar liberdade e anarquia

Ameaçar juízes e adversários políticos, mentir para provar pontos de vista, incentivar crimes e chamar isso de liberdade, ignora, entre outras coisas, a formação das sociedades civilizadas que nos fez sair das cavernas para morar em apartamentos.

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 24/07/2020 às 15:37
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Jair Bolsonaro (PL) e o aliado Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan - FOTO: Divulgação

A liberdade de expressão está consolidada na Constituição Brasileira. É uma lei que deve ser respeitada. Logo, para ser respeitada enquanto lei é necessário que ela também interaja e não ignore outras leis, como a que veda o anonimato e as que punem injúria e calúnia. Liberdade não existe fora de um contexto de responsabilidade coletiva. Ou seria anarquia.

Liberdade não é ausência de regras, nunca foi. Aqui mesmo, neste espaço, caso seja publicada uma acusação contra alguém ela deve ser provada, ou autor e veículo acabam processados. A imprensa séria usa de sua liberdade para informar, mas não pode mentir nem caluniar.

Acreditar que é possível dizer o que tiver vontade, ameaçar juízes e políticos adversários, mentir, deturpar informações para provar um ponto de vista político, incentivar crimes e atentar contra poderes da República como se a internet fosse um território livre de qualquer tipo de controle, atende a uma ausência de raciocínio que ignora, entre outras coisas, a formação das sociedades civilizadas e a organização coletiva que nos fez sair das cavernas para morar em apartamentos.

A internet, naturalmente, acaba sendo uma extensão da vida física. Em ditaduras, costuma ser restrita. Em democracias, como o Brasil, deve ser democrática. Mas, democracias só existem amparadas em leis.

O Brasil é uma bagunça monumental, mas ainda não é anarquia.

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