João Campos (PSB) tenta anexar sua trajetória ao vínculo familiar. É natural. Mas será suficiente? É preciso lembrar que uma de suas adversárias tem quase o mesmo vínculo. É neta de Miguel Arraes.
Campos então apela também para a exclusividade.
Além de todas as referências diretas ao pai, incorre também nas mensagens subliminares para garantir o conhecimento do parentesco a todos. Esta semana anunciou que será candidato à prefeitura do Recife à jornalista Denise Rothenburg.
Não esqueceu, claro, de lembrar que Eduardo Campos anunciou que seria candidato a presidente da mesma forma, com a mesma profissional, em 2014.
A tentativa é de criar um ambiente simbólico de continuidade entre a candidatura do pai à presidência, encerrada de forma trágica por um acidente aéreo, e a candidatura atual, do filho dele, à prefeitura do Recife.
A oposição tem pesquisas apontando que há uma "queda de simpatia" ao clima de hereditariedade que o PSB quer dar à disputa no Recife. Não é a toa que outros pré-candidatos reclamem da "monarquia socialista" ou da "dinastia das famílias Campos e Arraes" para reforçar isso.
As referências pelos 20 anos em quem PT e PSB governaram a cidade do Recife também são cada vez mais frequentes.
A verdade? João Campos ainda tem pouco a mostrar pelos 19 meses de trabalho em seu primeiro cargo eletivo como deputado federal, para o qual foi eleito com propagandas que mostravam fotos do pai Eduardo, do bisavô Arraes, e dele, ligados por glóbulos vermelhos representando o sangue que passava de um pro outro.
Uma licença poética científica pra dar recados eleitorais.
Na Câmara, quase tudo a que ele se dedicou tem a ver com temas nacionais. Enfrentamento a Bolsonaro (sem partido), pautas da bancada, pouca coisa relacionada diretamente ao Recife. A conexão com a cidade, espera o PSB, virá através do trabalho de Geraldo Julio (PSB), que não pode ser negado, por justiça, mas corre o risco de acabar eclipsado pelas operações frequentes da Polícia Federal.
Aí, só vai restar a certidão de nascimento.
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