Em alguns casos, a Lava Jato ultrapassou limites, atropelou o processo legal e abrigou dentro de seus "muros" um projeto político incompatível com a natureza do trabalho. É preciso afastar-se da dissonância cognitiva que impede de enxergar as falhas.
Houve muitas e limites são necessários. Sergio Moro é um dos maiores culpados. Movido pelo entendimento de que era algum tipo de herói, resolveu que ser juiz era pouco e aceitou virar ministro, como se estivesse fazendo um grande negócio. Com um único aceite, Moro fragilizou a sua própria posição e a de toda a Lava Jato.
Hoje é possível dizer que a ida de Moro para o ministério da Justiça do governo Bolsonaro foi a decisão política mais equivocada, do ponto de vista pessoal e coletivo, que o ex-juiz poderia ter tomado.
Mas o erro cometido por alguém num percurso, um tropeço, não faz com que o caminho se torne errado.
Nada justifica o movimento que toma a agenda de algumas autoridades para criminalizar o combate à corrupção, como se ele estivesse resumido à Lava Jato e ao ex-juiz Sergio Moro. Não está.
Neste momento há, em curso, uma série de investigações policiais que precisam ser apoiadas e ter resultados para que possamos viver em um país cada vez melhor.
Nelson Rodrigues dizia que, "no Brasil, quem não é canalha na véspera é canalha no dia seguinte". O trabalho de quem combate a corrupção deve ser fiscalizado, deve ser bem acompanhado e limites precisam ser impostos, mas precisa continuar.
Ou estaremos todos, hoje, canalhas ou não, condenados.
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