Enfrentar a covid-19 ampliou, nos gestores, a necessidade de apelar para um subterfúgio: a ineficiência eficiente.
Por exemplo, quando há muitos buracos na cidade: "melhoramos a economia e tem mais carros circulando". Se faltam vagas nas escolas: "os estudantes estão indo para as públicas pela qualidade do ensino".
Com o coronavírus, cidades com alto número de mortes passaram a justificar assim: "É porque nós testamos mais".
No planeta das falácias, urubu é apresentado como papagaio, mas não resiste a um bom exame. Não é fácil de explicar o fato de São Paulo, com população sete vezes maior que Recife, ter uma letalidade menor do que a capital pernambucana, como já foi mostrado aqui no JC.
Mas é uma comparação com outra capital do NE que chama atenção. Salvador teve o dobro do número de casos do Recife. Mas, a taxa de letalidade da capital pernambucana é 2,5 vezes maior do que a capital da Bahia.
Alguém pode dizer que há mais idosos no Recife do que em Salvador. Não é verdade. A população idosa aqui representa cerca de 9%. Em Salvador, 15,4% são idosos.
Aí vem a justificativa da prefeitura: "o número é alto porque, no Recife, nós testamos todos os mortos por síndrome respiratória". Tudo bem, é uma hipótese.
A outra é que Salvador está fazendo testagem em massa, nos bairros, desde maio, com os cidadãos ainda vivos, enquanto PE é apontado como tendo a quinta maior subnotificação do Brasil
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