Debandada

Governo Bolsonaro liberal, se já existiu, acabou. Paulo Guedes segue fingindo que não tem um elefante na sala

É cada vez mais difícil fingir que no novo governo populista de Bolsonaro ainda cabe algum papel a ele, Guedes. E quanto mais ele insiste que "é assim mesmo", novos membros da equipe vão "desligando o telefone".

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 12/08/2020 às 9:43
Agência Brasil
Paulo Guedes - FOTO: Agência Brasil

A banda Engenheiros do Hawaii tem uma música que diz: "Por isso, garota, façamos um trato: você desliga o telefone se eu ficar muito abstrato".

Paulo Guedes deve ter cantado algo do tipo para a própria equipe quando o governo começou. Talvez trocando "abstrato" por "populista", "desenvolvimentista" ou "keynesiano".

Não rima, é verdade, mas deve ter sido a senha para todo mundo estar pulando fora do barco do ministério da Economia, agora.

Com os dois de ontem, são cinco baixas em cargos principais na pasta, desde que Bolsonaro mudou de rumo e começou a se parecer mais com o ex-presidente Lula (PT), afastando-se do governo liberal prometido ao empresariado que o apoiou em 2018.

Onde se falava em privatizações, ouve-se o silêncio. Onde se falava em redução de impostos, ouve-se a sigla CPMF. Onde se falava em corte de gastos públicos, escuta-se Renda Brasil substituindo o Bolsa Família com mais custos.

Até o momento, Paulo Guedes, o ministro da Economia da escola de Chicago, conhecido por ser terrivelmente liberal, tentava não enxergar o elefante na sala. Mas o elefante casou e teve filhotes.

É cada vez mais difícil fingir que no novo governo populista de Bolsonaro ainda cabe algum papel a ele, Guedes. E quanto mais ele insiste que "é assim mesmo", novos membros da equipe vão "desligando o telefone".

Da equipe original, que acreditou em um Bolsonaro liberal e disposto a privatizações, está sobrando pouca gente na linha.

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