Há várias formas de analisar o caso da menina que passou por um aborto legal, no Recife, no último fim de semana.
Uma delas é a religiosa, segundo a qual a vida é muito importante.
Outra forma é a médica, segundo a qual a manutenção da vida é muito importante.
Outra forma, ainda, é a política, segundo a qual o bem estar social e a manutenção da vida são muito importantes.
E, ainda, uma outra forma é a jurídica, segundo a qual a vida e a ordem social são muito importantes.
Observando assim, qualquer atrito entre esses quatro ângulos é fruto de ignorância ou de oportunismo.
Existem os oportunistas a favor do procedimento realizado no Recife e existem os oportunistas contra. Existem os ignorantes em ambos os lados também. É indiscutível.
Mas, se a religião valoriza a vida, assim como os médicos, por que ignorar a preservação da vida da menina, estuprada por um tio, que corre sério risco de morrer caso siga com a gravidez?
E se o procedimento está amparado pelas leis, o que fazem os políticos gritando em frente a um hospital, causando a quebra da ordem social que deveriam preservar?
Muito se discute sobre a incompatibilidade entre política e religião. Mas isso não é problema nenhum.
O grande problema, o problema verdadeiro, é quando ignorância e oportunismo se encontram.
Ali temos as tragédias.
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