Bolsonaro quer o melhor de dois mundos. Quer a popularidade de quem distribui dinheiro com a credibilidade de quem economiza.
Para esta mágica, conta com Paulo Guedes. O ministro da Economia, que tem um elefante na sala, mas finge que não há nada de errado com a condução liberal que prometeu.
Ele dá bom dia ao trombudo animal e se põe a trabalhar numa fórmula que garanta os bilhões necessários para a missão.
O problema é que, na mesma pesquisa recente apontando crescimento da popularidade de Bolsonaro por causa do auxílio emergencial de R$ 600, quase 80% da população aponta também não querer nem ouvir falar em aumento ou criação de novo imposto. A nova CPMF, como vem sendo chamado o tributo sobre compras pela internet, é rejeitada por 78% da população, segundo o levantamento da XP/Ipespe.
Porém, um número chamou atenção nessa pesquisa. A rejeição à CPMF cai pela metade quando ela é relacionada ao pagamento de um auxílio, como o Bolsa Família, que pode ser o futuro Renda Brasil.
Sabendo que vai receber algo todo mês, o brasileiro até topa pagar mais imposto. Seria a chave para convencer a opinião pública.
Resolvido? Não ainda.
Churchill dizia que os problemas da vitória são tão difíceis quanto os da derrota, apesar de serem mais agradáveis. Nesse caso, para conseguir os votos no Congresso, será necessário lotear ainda mais a gestão e dar cargos para novos aliados. Pro Bolsonaro de hoje, isso já não deve ser difícil. O risco é chegar em 2022 sem nada da campanha de 2018 para apresentar como realização e sem que ninguém acredite mais em algo dito por ele.
Isso, porém, dá pra resolver depois.
O elefante no gabinete de Guedes, atento, dá uma pirueta.
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