Sangrou

A Lava Jato começou a acabar quando Moro deixou o governo, não quando entrou

Ao deixar o governo, sair atirando para todos os lados, causar repercussão por apenas alguns dias e terminar resumido à expectativa de voltar a ser professor, sem ter causado nenhum grande dano ao inimigo Bolsonaro, Moro demonstrou que a Lava Jato já não tinha tanto apoio assim.

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 27/08/2020 às 15:35
PEDRO FRANÇA/AGÊNCIA SENADO
Sergio Moro, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, ex-juiz e ex-herói popular. - FOTO: PEDRO FRANÇA/AGÊNCIA SENADO

Quando Sergio Moro aceitou ser ministro da Justiça, havia algumas dúvidas na equipe da Lava Jato sobre o destino da operação. Acreditava-se que abalava a credibilidade do trabalho deles, mas que ela estava bem protegida, já que o novo governo a estava valorizando. 

No governo de Michel Temer (MDB) houve um movimento para acabar com a operação. Mas, a reação popular negativa a um áudio de Romero Jucá (MDB), vazado meses antes, no qual ele falava que era preciso acabar com a operação colocou um freio.

Todo mundo em Brasília tinha medo de atacar a força-tarefa e acabar virando vilão aos olhos do povo. Jucá, em 2018, não conseguiu se reeleger no Senado.

A Capital Federal é como um oceano cheio de tubarões, cada um buscando seu espaço e tentando sobreviver. Podem até não atacar se entendem que correm algum risco, mas se sentirem sangue em alguém, atacam em bando.

O problema da Lava Jato não foi quando Moro assumiu o cargo, foi quando ele saiu. Ao deixar o governo, sair atirando para todos os lados, fazendo acusações, causar repercussão por apenas alguns dias e terminar resumido à expectativa de voltar a ser professor, sem ter causado nenhum grande dano ao novo inimigo Bolsonaro, demonstrou que a Lava Jato já não tinha tanto apoio popular assim.

E podia ser atacada.

O momento mostrou-se propício para que STF, Congresso e Planalto agissem, por todos os lados, em bloco, para atingir a Lava Jato em suas operações e nas decisões judiciais oriundas delas. Certos de que não haveria mais grande reação contrária.

E não houve.

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