O aplicação da lei no Brasil pode ser maleável como a água.
Desde que percorra o leito do riacho constitucional, as possibilidades são múltiplas.
Essa metáfora vem à mente quando se observa o curso das decisões tomadas por Sergio Moro ao longo dos últimos anos.
Quando tinha a opinião pública favorável, no ritmo ainda das manifestações de 2013 (a operação começou em 2014), de uma população revoltada com tudo e que apoiava qualquer ação de caça a políticos e poderosos, todas as decisões de Moro era aprovadas. Apesar de controversas, ele arranjava uma forma de mantê-las entre as duas margens do rio constitucional.
Há decisões do ex-juiz que estão sendo anuladas agora e que já haviam sido confirmadas por outros tribunais. Agora, são consideradas equivocadas.
O que mudou, se a lei é a mesma?
A opinião pública.
O problema de quando você ataca a todos, é que sobra pouca gente para lhe defender.
A Lava Jato avançou sobre grandes corporações que geravam muitos empregos, avançou sobre o Executivo e sobre o Legislativo. Quando focou o Judiciário, ficou sem aliados.
Os erros, que sempre existiram, ficaram evidenciados.
Esses erros que antes eram negligenciados em nome da satisfação da opinião pública, agora estão fazendo com que o trabalho seja anulado.
A aplicação da lei no Brasil é como água. Mas, achar que pode tudo ali dentro é o que faz você se afogar no longo prazo.
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