Na sexta-feira (4), o ex-presidente Lula (PT) escreveu palavras de apoio a Marília Arraes (PT). Disse que ela está preparada e é "o retrato da mulher ocupando seu espaço, sem pedir licença".
Não foi ao acaso. A manifestação foi para dar força após uma nota do PT municipal, há alguns dias, dizendo que ela estava "fazendo charme" com possíveis eleitores de Bolsonaro.
É preciso dizer que a fala de Lula esquece que ela precisou da licença dele próprio para poder ser candidata este ano. E que, em 2018, também ela não foi candidata ao governo do Estado, porque ele, Lula, não deu essa licença.
A retórica, porém, era necessária para tentar chamar o feito à ordem por aqui.
A expressão "chamar o feito à ordem", é muito utilizada no meio jurídico. Basicamente, é quando o juiz identifica um erro no curso de um processo e toma a atitude de corrigir.
Lula agiu como juiz e mandou um recado para o PT municipal de que não vai admitir fogo amigo contra a candidata que ele "licenciou".
É válido, mas não resolve a situação. Só resolveria se conseguisse fazer com que o PT local e Marília chegassem num entendimento, o que nenhum dos dois lados parece estar disposto até agora, já que um reclama de não ter sido procurado pelo outro.
Isso Lula não faz. E não faz por motivos egocêntricos.
Em determinadas situações, é bom ter conflitos para arbitrar.
Ou juizes não seriam necessários.
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