Eleições 2020

Lula manda recado para PT em Recife, mas não quer resolver o problema local com Marília Arraes. É bom ser juiz

Lula agiu como juiz e mandou um recado para o PT municipal de que não vai admitir fogo amigo contra a candidata que ele "licenciou". Mas, cortar o mal pela raiz é algo que tiraria dele o poder de apitar.

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 07/09/2020 às 20:56
SÉRGIO CASTRO/ESTADÃO CONTEÚDO
PETISTA Para a PGR, casos deveriam ir para a Justiça Federal em São Paulo - FOTO: SÉRGIO CASTRO/ESTADÃO CONTEÚDO

Na sexta-feira (4), o ex-presidente Lula (PT) escreveu palavras de apoio a Marília Arraes (PT). Disse que ela está preparada e é "o retrato da mulher ocupando seu espaço, sem pedir licença".

Não foi ao acaso. A manifestação foi para dar força após uma nota do PT municipal, há alguns dias, dizendo que ela estava "fazendo charme" com possíveis eleitores de Bolsonaro.

É preciso dizer que a fala de Lula esquece que ela precisou da licença dele próprio para poder ser candidata este ano. E que, em 2018, também ela não foi candidata ao governo do Estado, porque ele, Lula, não deu essa licença.

A retórica, porém, era necessária para tentar chamar o feito à ordem por aqui.

A expressão "chamar o feito à ordem", é muito utilizada no meio jurídico. Basicamente, é quando o juiz identifica um erro no curso de um processo e toma a atitude de corrigir.

Lula agiu como juiz e mandou um recado para o PT municipal de que não vai admitir fogo amigo contra a candidata que ele "licenciou".

É válido, mas não resolve a situação. Só resolveria se conseguisse fazer com que o PT local e Marília chegassem num entendimento, o que nenhum dos dois lados parece estar disposto até agora, já que um reclama de não ter sido procurado pelo outro.

Isso Lula não faz. E não faz por motivos egocêntricos.

Em determinadas situações, é bom ter conflitos para arbitrar.

Ou juizes não seriam necessários.

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