Em 2018, partidos de esquerda percebendo o crescimento ameaçador de Jair Bolsonaro nas pesquisas criaram, em determinado ponto da eleição, um movimento chamado #EleNão.
Foram às ruas, criticaram, acusaram. Em condições normais, um movimento assim, envolvendo militantes de vários segmentos, atores, atrizes, teria um impacto negativo gigantesco numa eleição.
Mas Bolsonaro não era um candidato normal com base de atração normal. Essa base de atração é aquilo que faz o público em geral, não vinculado ideologicamente a um partido específico, considerar o voto em determinado candidato.
Na época, o que vinha sendo construído no imaginário coletivo, desde as manifestações de 2013, passando pela apertada reeleição de Dilma Rousseff (PT) e pelo impeachment posterior era o cansaço com a corrupção e a necessidade de afastar a esquerda do poder.
Quando o movimento #EleNão tomou as ruas, foi logo associado pelos bolsonaristas à esquerda e à corrupção.
Na cabeça do eleitor médio, o cálculo é sempre simples: se a esquerda e os petistas estão contra ele, é porque ele é bom e vai salvar o País da corrupção.
E é assim que alguém constrói a imagem de "mito" para o próprio adversário.
Agora, pense na eleição do Recife e descubra se isso pode estar acontecendo por aqui de forma parecida.
Sim, está.
Comentários