Eleições 2020

A moral provisória nas campanhas de João Campos e Marília Arraes pelo Recife

Na eleição do Recife, o que parece é que o PSB não sabe a maneira certa de agir, está experimentando o eleitorado entre uma denúncia e outra, vendo o que pode fazer para reverter a vantagem de Marília (PT).

Igor Maciel
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Publicado em 25/11/2020 às 10:07
YACY RIBEIRO/ JC IMAGEM
ELEIÇÕES - Debate Eleições 2020 com Marília Arraes e João Campos na TV Jornal - FOTO: YACY RIBEIRO/ JC IMAGEM

Descartes, em Discurso do Método, propõe o que ele denomina de "três regras da moral provisória". Trata-se de um pequeno manual sobre como lidar com situações em que é preciso agir, mesmo não tendo ainda um juízo claro sobre a maneira certa de agir.

A primeira regra é obedecer as leis e costumes, além de tomar decisões baseadas na média das opiniões dos homens mais sensatos com os quais se convive.

A segunda regra é ser firme nas ações e nas opiniões escolhidas, sem fraquejar. Algo como: "se está perdido numa floresta, ande em linha reta, nunca em círculos".

E a terceira é nunca contar com a sorte e procurar vencer a si próprio. Mudar os próprios desejos e não a ordem do mundo.

Ponderação, assertividade e resiliência.

Partindo desse pensamento, entre vários outros, René Descartes criou o que hoje se conhece como método científico moderno.

Na eleição do Recife, o que parece é que o PSB não sabe a maneira certa de agir, está experimentando o eleitorado entre uma denúncia e outra, vendo o que pode fazer para reverter a vantagem de Marília (PT).

Dentre as regras de Descartes, João Campos (PSB) age com a ponderação necessária ouvindo os aliados, tenta ser assertivo ao defender suas ideias, mas parece ter perdido a mão ao não encontrar, por enquanto, o resultado desejado.

O tempo muito curto de campanha faz com que se queira insistir em mudar, sob força, a ordem do mundo, na forma em que ele se encontra.

E, a força, nem sempre resolve.

Talvez, por enxergar isso, o debate da TV Jornal ficou marcado por uma disputa particular que poderia ser resumida assim: "quem sofre mais?".

Num encontro em que, finalmente, se teve um pouco mais de propostas, os dois duelaram muito pelo papel de "vítima".

A explicação pode estar em pesquisas qualitativas feitas nos últimos dias por, ao menos, uma das campanhas.

O resultado: os eleitores, em geral, estavam recusando o baixo nível da disputa, rejeitando quem atacava e se identificando com a vítima.

Ontem, chamou atenção, por exemplo, a mudança de tom no debate, com os candidatos evitando agressividades.

Também chamou atenção a mudança no tom do guia de João Campos (PSB), durante o dia atacando e, à noite, em clima de paz e amor.

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