Nos círculos de poder, que cada vez mais se parecem com o recreio do jardim de infância, virou moda acusar o coleguinha de politizar tudo.

Termo estranho, já que se tratam de políticos.

Fato é que se politiza tudo no Brasil, excessivamente, desde sempre, mas antes todos jogavam o mesmo jogo e as acusações não aconteciam.

É mais ou menos como se um garoto tomasse o dinheiro do lanche do outro, que tomava o lanche de outro e assim seguia. Quando isso deixou de ser aceito e a direção da escola colocou câmeras no pátio, todo mundo passou a se acusar.

Antes, quase todos eram "culpados" calados, fingindo moral.

Agora são, quase todos, "inocentes" falantes, fingindo moral.

Um dos garotos se destacou porque já era falante quando todos eram calados, fingia moral, ainda finge moral, porque não tem nada de santo, mas sempre apontou o dedo para todos e acabou se beneficiando do momento.

Quando a maré virou e a direção da escola parou de tolerar a imoralidade no recreio, ele virou presidente.

Mas, o grande problema da "politização de tudo" dentro de um Estado Democrático de Direito é que isso leva à "judicialização do urgente" para a solução, como deve acontecer no caso das vacinas.

A judicialização excessiva é uma anomalia no equilíbrio dos poderes dentro de qualquer democracia.

O ideal seria os políticos resolverem tudo com maturidade.

Mas, este texto ter sido escrito usando o exemplo de um jardim de infância, deve exemplificar como isso vai ser difícil.