Campanha cara

João Campos gastou mais do que eleitos em Fortaleza e Porto Alegre para ser eleito no Recife

Proporcionalmente, prefeito eleito na capital pernambucana gastou mais do que Bruno Covas (PSDB), eleito em São Paulo. Campos teve custo R$ 5 milhões maior do que a adversária, Marília Arraes (PT).

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 16/12/2020 às 9:46 | Atualizado em 16/12/2020 às 9:46
BRENDA ALCÂNTARA/JC IMAGEM
João é o primeiro Arraes-Campos a chegar ao Executivo após a morte de Eduardo, em 2014 - FOTO: BRENDA ALCÂNTARA/JC IMAGEM

Num ano marcado por pandemia, desemprego, e indefinição sobre o futuro econômico, o valor necessário para eleger João Campos (PSB) no Recife chama atenção.

Ele ter ficado devendo mais de R$ 600 mil já é preocupante.

Mas, o montante de R$ 10.525.300,96 utilizados para a campanha do socialista é alto e destoa de outras campanhas vitoriosas em outras capitais.

Em Fortaleza, cidade mais populosa que Recife, José Sarto (PDT) teve uma disputa mais acirrada e gastou pouco mais de R$ 9 milhões.

No Sul, Porto Alegre, que tem uma população próxima da recifense e onde a eleição também foi ao 2º turno, o gasto do prefeito eleito, Sebastião Melo (MDB), foi de R$ 1,6 milhão, cerca de 6,5 vezes menor que o gasto de Campos na capital pernambucana.

E não se trata de algo que tornou-se necessário apenas por aqui, seja qual for o motivo. Porque a mesma campanha enfrentada por João Campos foi enfrentada por Marília Arraes (PT), o mesmo período e os mesmos desafios.

Ela gastou R$ 5 milhões a menos do que ele.

A equação que envolve fatores como campanha muito cara, com dívidas, palanques muito largos e aliados sedentos por espaço, costuma ter como resultado um governo travado em seu início.

 

Considerando o que podia gastar, o limite definido pela Justiça Eleitoral, o prefeito eleito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), gastou 27,9% do que podia para se eleger. Campos, no Recife, contratou 99,8% do limite, para vencer a disputa.

Em São Paulo, numa disputa que também foi ao 2º turno, Covas poderia gastar até R$ 72.519.137,15, segundo a Justiça Eleitoral. Gastou R$ 20.241.943,25 e foi eleito. Com a votação que alcançou (3.169.121 votos), cada voto saiu por exatos R$ 6,38.

No Recife, o TSE definiu o limite de R$ 10.538.021,09. Campos contratou serviços na campanha por R$ 10.525.300,96. Para cada um dos 447.913 votos que ele alcançou, gastaram-se R$ 23,49. Comparado a São Paulo, foram R$ 17,11 a mais, por voto.

A culpa não é do prefeito eleito do Recife, apenas, é da coordenação da campanha e da organização do grupo.

Ele tem se mostrado disposto a enfrentar desafios, e são muitos para a cidade.

Antes, precisa pagar as dívidas, que não são só financeiras.

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