Sobre o balcão

Partido preferido de Bolsonaro tem membros com participação definida, como acionistas. Virou mercado

Patriota é dividido internamente como se fosse empresa e está de olho em Bolsonaro para conseguir fundo partidário. Hoje, é o preferido pelo presidente. Faltam acertar as "comissões".

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Igor Maciel

Publicado em 12/02/2021 às 16:00
Análise
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Observando as discussões sobre o partido que Bolsonaro quer integrar para ser candidato, vê-se logo que o sistema partidário brasileiro faliu enquanto instrumento democrático.

Nada a ver com o presidente, ele pode ir pra onde quiser, até para o PT, onde talvez se desse muito bem. 

Brincadeiras à parte, o que incomoda é a constituição atual do Patriota, sigla preferida do capitão presidente.

O partido passou por uma fusão com o PRP, por conta da cláusula de barreira, após 2018. O presidente atual se chama Adilson Barbosa, mas quem manda mesmo é o vice, Ovasco Resende, que era do PRP.

Isso tem sido um dos problemas para a entrada de Bolsonaro.

O partido é tratado, internamente, como se fosse uma "empresa". Resende tem 50% da sigla, Barbosa tem 30% e os parlamentares com mandato ficaram com 20%.

Barbosa aceita que os bolsonaristas usem a sigla como plataforma de aluguel, como o PSL em 2018, pensando no que pode faturar, sendo o partido do presidente. O PSL, por exemplo, tem aproveitado bem as centenas de milhões de reais em fundo partidário, por ter saído da eleição com a segunda maior bancada do país.

Já Resende exige mais independência e quer manter o controle do partido, porque sabe que o "mercado" está diferente daquela época.

Não estivéssemos falando de um partido político, mas de uma empresa com capital aberto, seria tranquilo.

O problema é que a democracia virou balcão e o dinheiro que sustenta esse mercado é público, sai dos impostos que os brasileiros pagam cada vez mais e com cada vez mais sacrifício.

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