Bolsonaro é um "fingidor", brincando com a vida das pessoas enquanto tenta sobreviver politicamente
Comprar vacinas de forma lenta, sem logística adequada e sem conseguir aplicar doses em tempo hábil não prova que Bolsonaro é negacionista. Prova que ele é incompetente.
Bolsonaro é um fingidor, tal qual o poema de Fernando Pessoa, "que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente".
O deputado de baixo clero que serve de manequim para a faixa de presidente atualmente é um negacionista de araque.
Nem isso ele é, de verdade.
Fosse, de verdade, não estaria comprando vacinas, por exemplo.
Comprar vacinas de forma lenta, sem logística adequada e sem conseguir aplicar doses em tempo hábil não prova que Bolsonaro é negacionista.
Prova que ele é incompetente.
A necessidade de falar uma coisa enquanto faz outra ou se dizer forçado pelo STF, também não prova que o presidente é contra as restrições para conter a covid-19, porque ele sabe que a economia vai afundar, seja pelas mortes ou pelas restrições.
Prova apenas que ele é covarde, tentando fugir da responsabilidade de encontrar uma solução. Para não assumir a culpa caso fracasse.
O objetivo, bem claro, é manter um patrimônio eleitoral que inclui, aí sim, negacionistas.
Desde que tudo começou, há quase um ano, Bolsonaro já tinha todas as informações sobre a tragédia que viveríamos, tanto na saúde quanto na economia. Suas falas, desde então, provam isso.
Ele estava certo quando dizia que a economia ia quebrar e estava certo quando dizia que muita gente iria morrer.
Mas, como todo bom oportunista, tratou de construir uma narrativa em que ele seria eximido de toda a culpa.
No discurso de Bolsonaro dos últimos 12 meses, a economia vai quebrar por causa dos governadores que "fecharam tudo" e as pessoas estão morrendo porque não tomaram o remédio que ele mandou tomar.
Há os que sabem que isso é mais uma bobagem dita pelo presidente.
Há os que ficam na dúvida.
E há os que acreditam em Bolsonaro.
Os primeiro votam contra a reeleição.
Os que têm dúvidas são os que acabam votando nele, caso ele dispute contra candidatos do PT, por exemplo, ou vão anular o voto, ajudando o presidente.
Os últimos, o reelegem.
Criar dúvidas, dissenso e questionamentos é a maior arma eleitoral de Bolsonaro.
Enquanto finge a dor que deveras sente, ele divide o Brasil. E vai acabar sobrevivendo.