Cena Política

Uma pandemia, quatro ministros, pouca vacina, muitas mortes e outras tragédias

Temos mais ministros do que vacina, menos vacinas do que habitantes aptos a serem vacinados e muita conversa mole pra relativizar a sequência de tragédias.

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Cadastrado por

Igor Maciel

Publicado em 22/03/2021 às 15:25 | Atualizado em 22/03/2021 às 15:46
Análise
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Não dá pra dizer que o Brasil tem mais ministros da Saúde do que vacinas nessa pandemia? 

Até dá, se for levar em conta a proporcionalidade.

São quatro ministros pra uma cadeira, ao longo de 12 meses.

Do outro lado, nem temos ainda uma vacina para cada habitante.

Proporcionalmente, é mais ministro do que vacina.

Proporção é importante na hora de contar as coisas.

Por exemplo, o governo Bolsonaro, quando precisa dizer que está vacinando muito, usa números absolutos, mas quando quer dizer que não está morrendo tanta gente assim, usa proporção, comparando com a população.

Exemplo: "Já vacinamos 11,8 milhões de pessoas". E "no Brasil, só morreu 0,14% da população".

São frases que também poderiam ser ditas assim: "Só vacinamos 5,6% de toda a população". E "294 mil pessoas já morreram".

Matematicamente está tudo certo. Um lado parece exagerar e o outro parece amenizar, mas todas as frases acima estão corretas e condizem com os números oficiais do ministério da Saúde.

Tem só um elemento, um elemento apenas que precisa ser considerado na hora de abordar o tema.

E, ao contrário do que a horda de dissonantes cognitivos de qualquer ideologia costuma defender, não é política.

O elemento é o sentido de valores humanos através dos quais guiamos nossos pensamentos e ações. Ou deveríamos.

Baseado nisso, 294 mil pessoas mortas são 294 mil tragédias.

Ter 5% da população vacinada quando precisamos passar de 60% para ver algum resultado, é tragédia.

E quatro ministros em 12 meses é uma de suas causas.

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