Cena Política

Enquanto Bolsonaro esperneia pela perda de autoridade, perdemos quase 8 mil vidas. Qual a prioridade?

Foram encerradas 7.730 vidas brasileiras por covid-19 em apenas dois dias inteiros e consecutivos. Do outro lado, Bolsonaro fabricava uma crise militar.

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Igor Maciel

Publicado em 01/04/2021 às 13:44 | Atualizado em 01/04/2021 às 13:49
Análise
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Desde o início da semana, Bolsonaro demitiu três ministros e mexeu em seis ministérios, sem falar no comando das Forças Armadas. Gerou uma crise com os militares.

Um membro de sua base, que já foi líder do governo, o deputado Vitor Hugo (PSL), tentou pautar na Câmara Federal um projeto sobre "Mobilização Nacional" que, no fim das contas, podia dar ao presidente o supremo poder de controlar os policiais militares nos estados. Chamado de golpe sanitário, foi barrado até por parlamentares da base.

As instituições funcionam e as Forças Armadas se mostram sólidas na defesa da Constituição quando pressionadas, o que nos dá fôlego democrático.

Outro fôlego, aliás, é que deveria ser motivo de preocupação para o Brasil e não foi.

Porque o mesmo presidente que fabricou essa crise, terminou a primeira reunião de um comitê de combate à covid-19, defendendo que as pessoas se arrisquem nas ruas, pra não prejudicar a economia.

Estamos acostumados, há muitos anos, com governos que ajudam quando são passivos e não atrapalham.

Esse governo parece fazer questão de atrapalhar e tem nisso sua missão de cada dia, fabricando crises.

Listando todas as alterações nos ministérios e nas Forças Armadas, é impossível apontar uma que não tenha sido feita para salvar o pescoço do presidente ou para se livrar de alguém que o incomodava.

Enquanto Bolsonaro testava a resistência das instituições, esperneando sobre sua perda de autoridade evidente, provocada pelas atitudes dele ao longo de quase dois anos e meio, foram encerradas 7.730 vidas brasileiras por covid-19 em apenas dois dias inteiros e consecutivos.

O trem está sem freio e o maquinista quer discutir o horóscopo.

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