Ciro Gomes é o marido traído na relação com o PSB, oficializada com João Campos no Recife em 2020
Na época, o pedetista veio ao Recife endossar a guerra de João Campos contra o PT. Agora, vai sendo deixado de lado com a chegada de Lula ao palanque novamente. O PSB não resiste ao ex.
Era 22 de novembro de 2020. O PDT havia feito uma intervenção na Executiva Municipal do partido para garantir o apoio do partido à João Campos (PSB) desde o 1º turno.
Isabela de Roldão (PDT), do grupo que derrubou Túlio Gadêlha (PDT) da presidência municipal, era a vice do socialista, numa indicação clara de que a aliança local entre PDT e PSB estava fortalecida.
Uma união que também estava sendo construída no plano nacional. Naquele 22 de novembro, já no 2º turno, Ciro Gomes (PDT) desembarcou no Recife para oficializar seu apoio pessoal à união.
Chegou, conversou com os socialistas, foi louvado como o "próximo presidente do Brasil" e saiu em carreata. O cearense aproveitou para fazer uma relação, claro, daquela união com o palanque nacional.
"Nós precisamos encerrar essa crônica de ódio e de radicalismo político que está dividindo o Brasil. Os votos nas capitais serão lidos como um sinal do povo para a construção de um caminho diferente", disse, antecipando uma vitória do PSB sobre o PT no Recife e ligando isso a uma nova perspectiva de centro-esquerda para o país, sem o radicalismo do PT.
Deu tudo certo no casamento e na lua de mel. Na campanha, João Campos chegou a dizer que era "difícil contar nos dedos das mãos a quantidade de petistas presos por desvios". Num dos debates, atacou a adversária usando o partido dela: "É de causar estranheza uma candidata do PT vir falar em corrupção".
Em propaganda da campanha, atacava petistas históricos: "Você lembra quem faz parte do PT nacional? José Dirceu, Gleisi Hoffmann, Mercadante", citava.
Em todos os ataques, e foram muitos, o PSB nunca citava Lula (PT). Ciro Gomes devia ter desconfiado.
Mas, Ciro não imaginava o ex-presidente livre pra se amarrar de novo. Confiou.
O problema foi a volta do "ex". Quando Lula foi liberado para casar de novo, o PSB ficou balançado.
Ciro, enciumado, reagiu: “Quando Lula entra na disputa, faz tremer tudo o que está posto. Essa é a característica dele. Tenho afeto por ele, mas não admiração porque ele não tem nenhum tipo de escrúpulo ou limite. Então ele promete ao Guilherme Boulos (PSOL) que o apoiará ao governo de São Paulo, mas mantém a candidatura do Haddad. Em Pernambuco, fizeram tudo para derrotar o filho do Eduardo Campos no ano passado, mas agora Lula foi para lá e diz que sempre foi amigo de infância do PSB. Oferece o posto de vice ao PSB e, ao mesmo tempo, ao Josué Gomes”. Josué é o filho do ex-vice-presidente José Alencar.
Ciro não desistiu, intensificou conversas que já existiam com o DEM e deve partir para uma aliança entre centro-esquerda e centro-direita.
Mas, até isso, Lula pode atrapalhar.
Fortalecido, o ex-presidente petista começou a conversar com partidos de centro que dariam sustentação a essa aliança DEM/PDT.
Muitas traições ainda vêm por aí.