Cena Política

CPI da Pandemia tem 18 denúncias. Governo Bolsonaro pediu aos ministros respostas para 23. Excesso de precaução?

É um novo exemplo da falta de habilidade política dos ocupantes do Planalto. Hoje, a CPI é uma tempestade perfeita. Pelo menos 7, dos 11 membros, são da oposição. O presidente é da oposição, o vice é da oposição e o relator... é da oposição.

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Igor Maciel

Publicado em 26/04/2021 às 14:07 | Atualizado em 26/04/2021 às 14:12
Análise
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Quando o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protocolou o pedido de CPI da Pandemia, o documento tinha 18 pontos que, segundo ele, precisavam ser apurados pela comissão.

Quando o governo Bolsonaro enviou aos ministérios uma lista com questionamentos que precisam ser respondidos para defender a gestão na CPI, mandou uma lista com 23 ítens.

O governo acredita que tem mais denúncias para responder do que a própria oposição julgava.

É mais ou menos como se, ao ser preso e questionado pela polícia apenas sobre um roubo, o bandido dissesse:

"Eu respondo, delegado, pelo roubo e pelo tráfico. Sou inocente". E lá vai a polícia, agora, investigar o tráfico do qual nem tinha conhecimento.

É verdade que a intenção do governo, claramente, é se antecipar aos assuntos que circulam na mídia e que, certamente estarão na pauta da CPI em algum momento. Mas é um novo exemplo da falta de habilidade política dos ocupantes do Planalto.

Não se falava na CPI, por exemplo, em "Genocídio indígena". Mas, o documento do governo pediu que os ministérios mandem justificativas sobre isso.

Quem colocou na pauta foi o governo.

A falta de habilidade política já havia se mostrado gigantesca na articulação da CPI. Perdeu-se o tempo para negociar a retirada das assinaturas, perdeu-se o tempo para influenciar na formação da comissão e se perdeu, ainda, o tempo para tentar influenciar na escolha do relator e do presidente.

Hoje, a CPI é uma tempestade perfeita. Pelo menos 7, dos 11 membros, são da oposição.

O presidente é da oposição.

O vice é da oposição.

E o relator... é da oposição.

Bolsonaro vai mostrando que sabe gritar e repetir frases em redes sociais como ninguém. Sabe fazer barulho e ameaçar rupturas democráticas o tempo todo, berrando que vai colocar o Exército nas ruas.

Mas, quando se trata de agir dentro das regras ou de um debate civilizado, perde-se completamente.

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