Cena Política

Guerra das vacinas em Pernambuco é fruto da falta de coordenação estadual. Gerir não é só distribuir

Prefeitos reclamam que Recife está sendo privilegiado e consegue avançar mais na vacinação porque João Campos é do mesmo partido que o governador. Questão é mais ampla, tem a ver com a falta de coordenação da gestão estadual.

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Igor Maciel

Publicado em 29/04/2021 às 11:56
Análise
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Cobra-se muito uma ação de coordenação central do governo Federal e que a falta disso é o que tem dificultado o sucesso do combate à pandemia no Brasil. É verdade. Mas, também é verdade que os governos estaduais precisam ser esse ponto de convergência entre os seus prefeitos. Isso não acontece.

Vai muito além de distribuir vacinas e determinar quantas doses cada cidade deve receber. A distribuição de materiais para aplicação é importante e, na medida do possível, também está acontecendo.

Mas, se fosse só isso, bastava uma mão e uma calculadora.

A logística vai além, e a reclamação de Raquel Lyra (PSDB) e Miguel Coelho (PSDB) sobre o ritmo de vacinação do Recife, onde se avança muito mais, apesar de a proporção de doses ser determinada pela população, faz sentido.

Em outros momentos, quando houve a reclamação de alguns prefeitos em cidades menores, o governo explicou que era porque Recife tinha um sistema de marcação e estava usando tecnologia para organizar a vacinação.

Agora, quando a reclamação é que a capital começou a vacinar professores antes de todo mundo, isso volta a ser discutido, porque Caruaru e Petrolina têm sistemas de marcação eletrônica e estão aplicando o imunizante tanto quanto é possível, já que as doses chegam a conta gotas.

Outra questão importante é que Recife teria ignorado o que foi acertado em reunião dos prefeitos com o governo do Estado.

"Definiu-se uma ordem e, antes de acabar um grupo o Recife já começa outro pra poder fazer propaganda de que está avançando mais do que todo mundo. Estamos sem vacina pra aplicar a segunda dose da Coronavac e o Recife correu pra usar doses da Astrazeneca na vacinação de professores, ao invés de terminar os grupos prioritários. Todo mundo quer vacinar os professores, mas se alguém que não seja João Campos (PSB) quebra a ordem definida, o governo reclama. Como é ele, fingem que está tudo normal", desabafou um prefeito do Agreste.

Coordenar inclui controlar os grupos nos quais a vacina está sendo aplicada e se alguém muda a logística que foi definida com todos os outros prefeitos, isso precisa ser questionado.

Ou a regra é só decorativa?

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