Cena Política

PCdoB pode ser extinto em 2022 e saída de João Paulo em Pernambuco expõe drama da sigla quase centenária

Partido já teria sido extinto em 2018, mas conseguiu uma fusão com o antigo PPL e sobreviveu. Agora, integrantes já procuram outras siglas. É possível até que ele se incorpore ao PSB.

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Igor Maciel

Publicado em 03/05/2021 às 13:00
Análise
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Justamente no momento em que completaria 100 anos de fundação, tendo passado várias décadas na clandestinidade durante duas ditaduras, o PCdoB pode chegar ao fim em 2022.

A possibilidade é grande, se forem mantidas as regras atuais com as cláusulas de desempenho que o partido já não conseguiu superar em 2018.

Na eleição anterior, o partido presidido pela vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, deveria ter sido extinto, mas conseguiu aprovar uma fusão com o antigo PPL e sobreviveu.

Agora, a saída do deputado estadual João Paulo, de volta para o PT, voltou a assombrar com a previsão de desempenho em 2022, que deve ser ruim novamente.

O partido paga o preço pelas escolhas que fez nos últimos anos quando numa relação de mutualismo, viveu na órbita do PT. Com o enfraquecimento dos petistas, passou a depender também do PSB.

Em 2018, após sobreviver com o PPL, tentou dar uma guinada, mudando o nome do partido, retirando símbolos que o relacionavam à URSS, como a foice e o martelo, para se integrar aos novos tempos.

Era uma exigência do governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB), à época, um forte presidenciável.

Ao invés de assumir a mudança, os membros do partido começaram a tentar construir narrativas, como se estivessem envergonhados de mudar. Claro, deu tudo errado.

Em 2020, nas eleições municipais que definem a base de força para a eleição seguinte, na qual é preciso vencer as cláusulas de desempenho, o PCdoB foi mal outra vez. Perdeu até a prefeitura de Porto Alegre, na qual era favorito.

Agora, à beira do abismo, o partido quase centenário com membros que seguiram insistindo com ideias do início do século XX, monta planos de sobrevivência.

A primeira opção, como se acostumou no Brasil, é mudar as regras do jogo, o tapetão. Uma reforma política que modifique as cláusulas de desempenho é o sonho dos comunistas brasileiros.

Se isso não for possível, podem tentar uma fusão com o PSB, já encaminhada em algumas conversas.

E, corre por fora, outra possibilidade, agora. Trabalhar para que Lula ganhe a eleição e os salve com sua influência.

Tentar conseguir um bom resultado, dentro das regras atuais também está na lista do PCdoB.

No fim da lista, porque é pouco provável.

O que diz muito sobre os motivos de o grupo ter chegado nesse fim de linha.

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