Cena Política

Legado da CPI precisa ir além de julgar Bolsonaro. Brasil está preparado para a próxima pandemia?

Dizer se Bolsonaro é culpado ou inocente pode render holofote aos senadores, mas é preciso ter algum legado além disso. O Brasil nunca esteve preparado para uma pandemia, não tem nem legislação sobre isso. Parlamento tem que indicar o caminho.

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Igor Maciel

Publicado em 05/05/2021 às 17:33
Análise
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É verdade que o foco da CPI da Pandemia é avaliar ações e omissões do governo Federal. Mas, uma coisa ficou clara nos dois primeiros depoimentos prestados por dois ex-ministros da Saúde, exatamente os primeiros dessa crise, o Brasil nunca esteve preparado para o que está acontecendo.

A deficiência vai da ausência de um código sanitário específico para situações como essa até à inexistência de um plano de guerra, envolvendo a indústria do país, por exemplo.

Nos EUA, empresas estão sujeitas a uma mobilização do esforço de guerra, pelo qual são obrigadas a transformar suas plantas de acordo com a necessidade do país em tempos mais críticos.

Tanto Henrique Mandetta quanto Nelson Teich relataram um ambiente de caos no Brasil com a dificuldade em comprar equipamentos e até materiais simples, como máscaras, que são produzidos na China e não tem fabricação brasileira com volume.

Quando algo acontece na China, fica quase impossível adquirir.

Independente de provar que o governo Bolsonaro é culpado ou inocente, das centenas de milhares de mortes que o Brasil acumula, essa CPI precisa deixar ao menos um plano do que precisa ser feito em momentos assim.

Num esforço de guerra, onde buscar leitos, respiradores, luvas e máscaras sem depender de outros países? 

Mandetta fez um alerta importante: hoje, se a covid-19 em alguma nova cepa começar a atacar crianças, o Brasil tem número muito reduzido de UTIs para essa faixa etária.

Seria uma nova tragédia dentro da tragédia. AInda não estamos preparados para essa possibilidade.

Independente de apontar culpados.

A CPI precisa deixar esse legado. Ou servirá apenas de palco pra senadores que, até agora, brigaram mais do que fizeram algo de efetivo.

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