Cena Política

Ideia de "voto impresso auditável" é patetice criada para poder reclamar de resultados eleitorais e minar democracia

Sistema impresso auditável já existe, cada urna imprime seu relatório ao fim da votação. Só vai sair do atacado para o varejo.

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Igor Maciel

Publicado em 14/05/2021 às 7:00 | Atualizado em 14/05/2021 às 12:42
Análise
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A grita por "voto impresso auditável", nova onda do bolsonarismo previdente e certo de que toda eleição perdida só pode ser fruto de fraude, é uma patetice, como já foi dito aqui na coluna, mas tem método e busca abrir uma brecha, exatamente, naquilo que temos de melhor em relação à contagem de votos em outros países, como os EUA, onde é muito mais fácil reclamar do resultado.

A urna eletrônica, para quem cria essas teorias absurdas, não é um problema por ser falha. Ela é, na verdade, um grande problema por não dar margem para que se questione o resultado.

Sim. O problema da urna eletrônica brasileira é não dar ao perdedor a chance de dizer que foi roubado. Ela é tão boa, que é ruim.

Nos EUA o sistema é tão complicado que qualquer um pode gritar "pega ladrão" e ganha uma dúvida razoável.

Aqui, a frieza da tecnologia impede que isso aconteça.

O próprio Bolsonaro diz que houve fraude na eleição que ele ganhou, mas nunca provou. Aliás, ninguém nunca conseguiu provar fraude no sistema das urnas eletrônicas, que é colocado à prova pública periodicamente.

Quem tem um mínimo de memória, lembra como o sistema de votação com cédula era confuso, demorado e a quantidade de fraudes que aconteciam, com votos não contabilizados, urnas que sumiam entre outros crimes.

O tal "voto impresso auditável" é uma patetice, porque isso já acontece hoje, não há novidade. Toda vez que a votação é encerrada, de cada urna, já é impresso um relatório com os votos, para serem checados se necessário.

O que Bolsonaro e seus seguidores defendem é que cada um possa ter o voto, dizendo se "votou em fulano ou sicrano", para ser recontado quando houver reclamação.

A diferença é que vai sair do atacado, com uma folha de relatório especificando todos os votos, para o varejo, com cada impressão sendo referente a um voto. Mas, o resultado será igual.

Hoje, o candidato a vereador x pode pegar a quantidade de votos que teve em determinada urna para conferir, logo após a totalização. A diferença é que ele poderá contar, voto por voto. 

Para a máquina, é simples, basta mandar ela dividir o número de votos pelas impressões. Não altera resultado nenhum.

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