Modelo de voto impresso proposto já foi testado pelo TSE em 150 municípios, em 2002, e rejeitado na época
O TSE estima que precisará gastar R$ 2,5 bilhões para implantar o sistema de impressão de votos para as eleições, ao longo de dez anos. Teste em 2002 apontou que não houve ganho de "transparência ou segurança".
O TSE tem sido ineficaz na hora de explicar os motivos pelos quais não há necessidade de "voto impresso" no sistema de votação brasileiro. Dizer que "é caro" é bobagem de fácil resolução.
O valor pode, muito bem, ser retirado dos fundos partidário e eleitoral. Se os deputados e senadores aprovarem no Congresso, certamente não se importarão de arcar com a despesa.
A estimativa é que se gastariam R$ 2,5 bilhões para implantar o sistema de impressão de votos para as eleições, ao longo de dez anos. Considerando o que se gasta com os partidos, é quase nada.
Mas para rebater a acusação de que a "votação não é auditável" é preciso explicar melhor como essa auditoria é feita hoje. Explicar que são feitos ao menos 11 procedimentos de segurança dos equipamentos e que no dia das eleições são emitidas em cada urna eletrônica a zerésima, documento que comprova que não há nenhum voto na urna antes do início da votação e, ao término do período, também são elaborados e afixados em cada seção eleitoral os boletins de urna, em que constam o número de votos de cada candidato em cada seção eleitoral.
É importante apontar e comprovar que isso é acompanhado por todos os partidos, sem restrições.
É preciso usar todo tipo de divulgação possível com a palavra de especialistas, que não sejam ligados ao TSE, para dizer se o sistema é seguro ou não.
O modelo que está sendo proposto, inclusive, já foi testado pelo TSE, em 2002. O projeto piloto foi implantado em 150 municípios, atingindo 7,1 milhões de eleitores. O Tribunal fez um relatório que "demonstrou vários inconvenientes" e "nada agregou em termos de segurança ou transparência". O TSE apontou que nas seções com voto impresso foram observadas filas maiores, inclusive.
O que o projeto em discussão na Câmara prevê é que o atacado seja transformado em varejo. Ou seja, além de uma impressão com todos os votos de cada urna, se tenha uma impressão de cada voto, de cada eleitor, em cada urna, para conferir depois.
Será retrabalho, desnecessário e só vai gerar ainda mais judicialização, num país em que, como bem observou um leitor da coluna, "tem prefeito que perde o cargo dois anos depois de eleito".
E se isso ainda não convencer, posto que a credibilidade eleitoral é chave de qualquer democracia, que se faça a impressão e encerre o assunto.
Num mundo em que já há quem fale em votação por smartphone, é como discutir a volta da máquina de datilografia. Cada povo tem a evolução tecnológica que merece.
Vários partidos, inclusive da oposição, começaram a falar bem da ideia. Isso é bom, porque já se sabe quem poderá pagar por ela, num momento de crise econômica como o que vivemos. Diminui o dinheiro pra fazer campanha e está resolvido.