PCdoB comemora urgência em projeto que pode salvar partidos sem voto. É a volta da coligação, disfarçada
Coligações para os partidos maiores, funcionam como um amigo que vem dormir no seu sofá, come a sua comida, mas recebe verba pública para isso e ainda passa a ideia de que você é mais legal do que é de verdade.
Os deputados aprovaram o regime de urgência para o Projeto de Lei 2522/15, que veio do Senado e institui a Federação de partidos. Na prática é uma mudança nas regras dos partidos e na lei eleitoral.
A ideia está sendo vendida como uma inovação e é, na verdade, um salva vidas para partidos que não conseguem manter-se com votos.
O PCdoB, por exemplo, comemorou bastante.
Em 2017, o próprio parlamento acabou com as coligações. A regra começou a valer em 2020.
Coligações para os partidos maiores, funcionam como um amigo que vem dormir no seu sofá, come a sua comida, mas recebe verba pública para isso e ainda passa a ideia de que você é mais legal do que é de verdade.
O PCdoB dorme no sofá do PT e do PSB há anos, recebe verba pública para isso e ainda passa a ideia de que petistas e socialistas são populares e receptivos. É bom pra todo mundo, menos para o cidadão que paga a conta.
Mas, quando o PT começou a sofrer com as investigações da Lava Jato e, em 2018, o sentimento antipetista tomou conta do país, o PCdoB sofreu junto.
Antes, em 2017, também foram implementadas as cláusulas de desempenho eleitoral. Partido que não atingisse a meta de votos, deixaria de receber verba pública.
O PCdoB, que não consegue voto, porque dormia no sofá dos outros, deveria ter sido extinto após 2018, mas conseguiu sobreviver fazendo uma fusão com outra sigla que também iria sumir, o PPL.
Em 2022, sem coligações, a tendência é que siglas assim deixassem de existir, finalmente.
Aí surgiu a ideia da "Federação" que consiste em criar um grupo de partidos, com a desculpa de eles serem obrigados a continuar juntos até o fim da legislatura, para fingir que não é a volta das coligações.
Na verdade, a Federação é como pegar o amigo dormindo no seu sofá e transformar de algo provisório, de meses, em algo fixo, por quatro anos, oficial.
Vai continuar sendo um amigo dormindo no sofá do outro.
E vai continuar com o cidadão pagando a conta pelos dois.