Cena Política

PCdoB comemora urgência em projeto que pode salvar partidos sem voto. É a volta da coligação, disfarçada

Coligações para os partidos maiores, funcionam como um amigo que vem dormir no seu sofá, come a sua comida, mas recebe verba pública para isso e ainda passa a ideia de que você é mais legal do que é de verdade.

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Igor Maciel

Publicado em 10/06/2021 às 11:29 | Atualizado em 10/06/2021 às 11:37
Análise
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Os deputados aprovaram o regime de urgência para o Projeto de Lei 2522/15, que veio do Senado e institui a Federação de partidos. Na prática é uma mudança nas regras dos partidos e na lei eleitoral.

A ideia está sendo vendida como uma inovação e é, na verdade, um salva vidas para partidos que não conseguem manter-se com votos.

O PCdoB, por exemplo, comemorou bastante.

Em 2017, o próprio parlamento acabou com as coligações. A regra começou a valer em 2020.

Coligações para os partidos maiores, funcionam como um amigo que vem dormir no seu sofá, come a sua comida, mas recebe verba pública para isso e ainda passa a ideia de que você é mais legal do que é de verdade.

O PCdoB dorme no sofá do PT e do PSB há anos, recebe verba pública para isso e ainda passa a ideia de que petistas e socialistas são populares e receptivos. É bom pra todo mundo, menos para o cidadão que paga a conta.

Mas, quando o PT começou a sofrer com as investigações da Lava Jato e, em 2018, o sentimento antipetista tomou conta do país, o PCdoB sofreu junto.

Antes, em 2017, também foram implementadas as cláusulas de desempenho eleitoral. Partido que não atingisse a meta de votos, deixaria de receber verba pública.

O PCdoB, que não consegue voto, porque dormia no sofá dos outros, deveria ter sido extinto após 2018, mas conseguiu sobreviver fazendo uma fusão com outra sigla que também iria sumir, o PPL.

Em 2022, sem coligações, a tendência é que siglas assim deixassem de existir, finalmente.

Aí surgiu a ideia da "Federação" que consiste em criar um grupo de partidos, com a desculpa de eles serem obrigados a continuar juntos até o fim da legislatura, para fingir que não é a volta das coligações.

Na verdade, a Federação é como pegar o amigo dormindo no seu sofá e transformar de algo provisório, de meses, em algo fixo, por quatro anos, oficial.

Vai continuar sendo um amigo dormindo no sofá do outro.

E vai continuar com o cidadão pagando a conta pelos dois.

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