Cena Política
A máquina criadora de factoides de Bolsonaro e a inteligência pretensiosa de esquerda e direita que o ajuda
Uma narrativa falsa é construída com senso de oportunidade, falha de caráter e uma plateia ávida por parecer inteligente.
Cadastrado por
Igor Maciel
Publicado em 12/06/2021 às 7:00
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Uma narrativa falsa é construída com senso de oportunidade, falha de caráter e uma plateia ávida por parecer inteligente.
Toda teoria da conspiração tem, em sua composição, um interlocutor que gosta de se acreditar inteligente.
Falsas narrativas e teorias de conspiração têm isso em comum, porque são baseadas em realidades paralelas. Algo como: "se eu não sou considerado inteligente pela maioria é porque, na verdade, eles estão todos errados e somente eu estou certo".
É assim que se sustentam teorias sobre terra plana, globalismo e ameaças de dominação comunista. Não é coisa com ideologia. A esquerda também sempre teve as suas.
O problema é que Bolsonaro sabe lidar com isso para se fortalecer dentro de grupos específicos enquanto vai construindo um ambiente para atrair mais apoiadores ao longo dos anos.
Para isso, usa com muita habilidade a mídia. A imprensa, tentando sobreviver, emparedada numa armadilha pela busca de cliques na internet ajuda muito o bolsonarismo, mesmo quando o critica.
Quando o presidente disse, usando seu senso de oportunidade, que "as pessoas não devem mais usar máscara", todo mundo correu para falar do assunto, em busca de audiência.
Depois que a polêmica repercutiu por 24h, ele disse que não decide isso e que quem vai decidir são os governadores e prefeitos.
Assunto encerrado? Não.
Além de gerar audiência, o presidente ativou o sistema de pessoas que precisam parecer inteligentes nas redes sociais e correm para condenar ou se esforçam em defender.
E está lá a repercussão que ele precisava, sem comprometimento.
Ele manteve viva a polarização e, de quebra, ainda conseguiu reforçar o argumento para o futuro de que "tentou fazer algo, mas não deixaram".